Corretora de criptomoedas em Campina Grande tomou as páginas policiais em 2023 (Foto: Montagem/Paraíba Já)

Há um ano iniciava publicamente a crise enfrentada pela BraisCompany, que depois desencadearia no desnude de um esquema de pirâmide financeira da empresa comandada por Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias – que está sendo investigado até hoje pela Polícia Federal no âmbito da Operação Halving. Em 21 de dezembro de 2022 as primeiras notícias sobre os atrasos de pagamentos dos lucros da corretora de criptomoedas começavam a surgir. De lá para cá o caso angaria fugas, prisões, operações, clientes lesados e o sumiço de muito dinheiro.

Divulgada por diversos famosos e influenciadores, a empresa operou ilegalmente e aplicou um golpe que movimentou mais de R$ 2 bilhões envolvendo criptomoedas, de acordo com a PF.

Iniciada no fim de dezembro do ano passado, a crise no esquema eclodiu de vez nas primeiras semanas de janeiro deste ano. Clientes denunciavam nas redes sociais e começaram a ir às autoridades cobrando os pagamentos dos lucros de seus contratos.

Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias são réus por crimes contra o sistema financeiro e alvos de mandado de prisão (Foto: Reprodução/Instagram)

Políticos, empresários, figuras públicas, comunicadores, influenciadores, famosos, cantores, e sobretudo moradores de Campina Grande viram o início de suas ruínas financeiras no começo deste ano.

Com uma cobertura especial e repercutida país afora, incluindo colaborações e apurações para veículos da imprensa nacional, o Paraíba Já entrou de vez no caso já no começo de janeiro deste ano; noticiando justamente o atraso dos pagamentos aos clientes, que era admitido pelo dono Antônio Neto Ais. Condenações por aluguéis atrasados no Distrito Federal, audiências judiciais e o primeiro procedimento do Ministério Público da Paraíba contra a BraisCompany foram sendo manchetados dia após dia no primeiro mês deste ano.

PF entra no caso

Até que em 16 de fevereiro deste ano estoura a primeira fase da Operação Halving, da Polícia Federal, que investigava os crimes contra o sistema financeiro praticados pela BraisCompany. Antônio Neto Ais, Fabrícia Farias e vários brokers alegavam que a empresa estava sendo alvo de complôs da concorrência, apontando que provariam a legalidade do negócio com sede na Rainha da Borborema.

Polícia Federal deflagra operação contra BraisCompany (Foto: Reprodução)

Um broker chegou a desafiar a imprensa à época através de publicações nos Stories do Instagram. “Em breve, assim que voltarmos a normalidade, estarei esperando os portais que criaram e duplicaram tantas injúrias, calúnias, difamações e fake news se retratarem. Esses portais tiveram papéis fundamentais mais uma vez ao levar pessoas que já estavam fragilizadas emocionalmente ao desespero”, afirmou no período. “Temos um jurídico que está atento e no momento oportuno acionará judicialmente com todas as documentações e comprovações os portais e redes sociais que insistem em disseminar medo, boatos e fake news. A verdade sempre prevalece”, ameaçou o mesmo broker em outra publicação instantânea. Até o momento não há fake news sobre o esquema operado pela BraisCompany e inflado pela ação dos brokers, o que se provou verdade foram os milhões que não retornaram para diversos clientes.

Com reportagens como o posicionamento da Binance após operação da Polícia Federal, a indicação de localização de Antônio Neto Ais na Argentina através de dispositivo do Instagram, a responsabilização dos brokers no esquema, a visita ao escritório da empresa em João Pessoa, e a investigação sobre o encerramento da Geração Crypto – uma subsidiária da BC, o Paraíba Já se consolidou na cobertura do Caso BraisCompany.

Em 7 de março, Antônio e Fabrícia são inclusos na lista vermelha da Interpol. Um dia depois, no dia 8, um dos maiores braços-direitos de Ais, o gerente select Clélio Cabral, se demite da BraisCompany.

No dia 18 de abril a Polícia Federal realizou uma segunda fase da operação contra a BraisCompany, intitulada Operação Select. Um mês depois, em 18 de maio, realizaram nova fase da Operação Select II contra a empresa do casal Ais.

Prisões e fuga

Em junho deste ano, três funcionários da BraisCompany, considerados braços-direito de Antônio e Fabrícia são presos na fronteira com a Argentina. O operador financeiro Victor Hugo Learth, e o casal ligado ao marketing Sabrina Lima e Arthur Lima foram pegos em Puerto Aguau, uma cidade da província de Misiones, no país vizinho.

Em julho acontece a Operação Trade Off, que combate a lavagem de dinheiro no esquema e determina o bloqueio de mais de R$ 130 milhões. No mês de setembro há uma nova operação contra a BraisCompany, intitulada CTO a PF mira sócios e colaboradores da empresa dos Ais.

No mês de agosto, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) apontou que Antônio  Inácio da Silva Neto, Fabrícia Campos Farias, Victor Hugo Lima Duarte, Arthur Lima e  Sabrina Mikaelle Lima fugiram de van para a Argentina.

Denúncia do MPF apontou fuga do casal Ais e mais três cúmplices (Foto: Reprodução/MPF)

O caso também foi destaque nas maiores revistas eletrônicas da TV brasileira, em outubro o Fantástico, da Rede Globo, colocou a BraisCompany entre as 20 maiores pirâmides financeira do país e a 6ª que mais movimentou dinheiro. O caso também foi destaque no Domingo Espetacular, da Record TV.

Atualizações

As mais recentes atualizações sobre o Caso BraisCompany aconteceram no mês passado, novembro de 2023, quando iniciou-se um burburinho sobre uma possível prisão de Antônio Neto Ais. O Paraíba Já checou junto à Polícia Federal, e a informação não procedia. Já no dia 6 de dezembro houve a confirmação da extradição de Victor Hugo Learth, que está preso na Argentina, ao Brasil.

Até esta quinta-feira (21), os empresários Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias, donos da corretora de criptomoedas, ainda estão foragidos. Eles são alvos de alertas vermelhos da Interpol e mandados de prisão por crimes contra o sistema financeiro cometidos através da BraisCompany.

Veja lista de indiciados pela PF no Caso BraisCompany

  1. Antônio Inácio da Silva Neto;
  2. Fabrícia Farias Campos;
  3. Gesana Rayane Silva;
  4. Fernanda Farias Campos;
  5. Flávia Farias Campos;
  6. Clelio Fernando Cabral;
  7. Mizael Moreira Silva;
  8. Marcos Avelino dos Santos;
  9. Vitor Hugo Lima Duarte;
  10. Sabrina Mikaele Lima;
  11. Felipe Guilherme Silva Souza;
  12.  Fabiano Gomes da Silva;
  13. Deyverson Rocha Serafim;
  14. Eluyllo Wesley Lima Queiroz;
  15. Paulo Roberto Araújo dos Santos;
  16. Artur Barbosa da Silva.

Para saber todas as notícias sobre este episódio acontecimento acesse a página especial sobre o Caso BraisCompany no Paraíba Já.