Uma latinha de alumínio de refrigerante produzida há mais de 20 anos foi encontrada na areia da praia na Ilha das Palmas, em Guarujá, no litoral de São Paulo. A relíquia, que segundo especialistas ficou vários anos no oceano até ser ‘devolvida’, ainda mantém as cores originais e traz uma reflexão sobre o descarte de lixo no litoral brasileiro.
O portuário Renato Lemos Miranda, morador de Santos, encontrou a latinha de refrigerante enquanto estava uma caminhada na região. “Ela estava entre as pedras, mais para o fundo. Usei um pedaço de ferro, que deve ter chegado também com a maré, e puxei a latinha”, conta.
A Pop Cola foi lançada em 1995 pela antiga Companhia Antarctica Paulista. Com a fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, em 2000, e que resultou no surgimento da Ambev, o Pop Cola e o Pop Laranja foram retirados da linha de produção.
Miranda conta que lavou a latinha e conseguiu ver a data de validade: novembro de 1998. Ele ficou impressionado ao ver que, depois de tantos anos, ainda era possível observar nitidamente as cores e a data do refrigerante. “Fiquei até chateado, não é bacana. Fiz uma postagem nas redes sociais para criar um pouco de senso nas pessoas sobre os impactos que causamos na natureza”, disse.
Para Técia Bérgamo, geógrafa e mestre em Tecnologia Ambiental, professora da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), não há como apontar a origem da latinha e qual o motivo de ela ter aparecido em Guarujá.
“Quando verificamos algum tipo de resíduo ou lixo, percebemos de forma silenciosa que os oceanos estão sofrendo. Sobre a origem, primeiramente, só pensamos na atividade humana, mas tem a questão das inundações, que contribuiu para levar esse lixo para o mar, os ventos, os rios poluídos. Além disso, nossa região tem as plataformas petrolíferas e o transporte marítimo”, diz.
Segundo Tecia, a latinha não se corrói no oceano e leva mais de mil anos até o processo final de decomposição. Para a geógrafa, o episódio reflete na grande quantidade de lixo que é depositado no meio ambiente ao longo de anos. Ela também alerta para as diversas fontes de impacto.
“Consequência disso é a perda de biodiversidade e a redução de recursos. É resultado da má gestão dos resíduos sólidos nas cidades e a falta de conscientização da população. Há necessidade de políticas públicas para que nenhum material ou resíduo chegue nas praias. O mar está devolvendo o que ele recebeu”, fala a professora.
Miranda resolveu levar a latinha para casa. Ela vai se juntar à latinha de cerveja de 1995 que ele encontrou na Praia do Sangava, em Guarujá, em 2015. O portuário pretende doar a latinha de refrigerante à alguma instituição que realize ações de educação ambiental.
Ele tem como inspiração o pai, já falecido, que realizava mutirões de limpeza e encontrava diversos objetos, hoje expostos no Aquário de Santos. “Encontrar a latinha me fez perceber o quanto nossos impactos podem ser negativos por tanto tempo”, finaliza. Informações do G1.
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