Entidades que compõem Parada LGBT+ de JP rebatem “censura” a Linn da Quebrada

A organização da Parada LGBT+ de João Pessoa divulgou nota de esclarecimento sobre a contratação de artistas para o evento e rebateu o pronunciamento da artista Linn da Quebrada, alegando ter sido censurada a mando da Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa). De acordo com as entidades que fazem parte da Parada LGBT+, elas apresentam uma lista de artistas que poderiam tocar no evento à Funjope que fica com o encargo de negociar, de acordo com seu orçamento, com os artistas e contratar os mais viáveis financeiramente.

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Confira abaixo, na integra, as notas do organização da Parada LGBT+ de João Pessoa e da Funjope:

XVIII PARADA LGBT+ de João Pessoa 2019

Nota de Esclarecimento

A Organização da XVIII Parada LGBT+ de João Pessoa, constituída pelas entidades LGBT+: Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria; Movimento Espírito Lilás (MEL); Movimento de Bissexuais (MovBi); Associação de Travestis e Transsexuais da Paraíba (Astrapa) e o Coletivo de Homens Trans da Paraíba, Petris, em face da publicação de uma nota da produção da artista Linn da Quebrada – com afirmações graves e equivocadas – vem a publico, por meio desta nota, esclarecer os últimos acontecimentos relacionados à Parada desse ano.

Em primeiro lugar, a Organização do evento é constituída pelas entidades históricas do movimento LGBT de João Pessoa, acima citadas, exclusivas responsáveis legais, e às quais se somam colaboradores, com o objetivo de garantir sua viabilidade de produção, por meio do estabelecimento de parcerias com instituições públicas e privadas. Nesse âmbito, uma das parcerias históricas e mais destacadas, tem sido a da Funjope – Fundação Cultural de João Pessoa, responsável pela contratação de artistas. Nessa parceria, firmada à quase uma década e atravessando diferentes administrações, de um lado, cabe à Organização da Parada fazer a indicação de mais de um nome para contratação, respeitado o orçamento previsto na rubrica da Fundação. E, de outro lado, cabe à Funjope a prerrogativa de definição de contratação dentre os nomes indicados. Portanto, no atual processo de contratação não ocorreu qualquer desrespeito aos termos do acordo histórico dessa parceria.

Nesse sentido, a narrativa elaborada na nota da Produção de Linn da Quebrada, se baseia num equívoco de inversão da ordem das ocorrências: o e-mail da Funjope, encerrando as negociações com a produção da artista, foi enviado antes da reunião da Organização da Parada com a instituição. A reunião foi marcada para que a decisão da Funjope fosse comunicada oficialmente à Organização do evento. E, nessa reunião, em nenhum momento, durante as negociações com a Funjope, a artista foi categorizada como portadora de ‘discurso pejorativo’ ou algo do gênero. Nesse contexto, cabe explicitar que, a relação da produção da artista com a organização do evento, deu-se por meio de uma colaboradora do evento, citada na nota como ‘co-organizadora’, mas que, no entanto, não é integrante de nenhum das entidades responsáveis institucionais do evento, as quais não tiveram nenhum contato direto com a Produção da artista.

Portanto, foi com imensa surpresa que a Organização da Parada, deparou-se com a conclusão acusatória de transfobia na nota da produção da artista. Antes de tudo, para bem da verdade dos fatos, a indicação de Linn da Quebrada como um dos nomes, para a Parada desse ano, se deu, exatamente, por ser ela, hoje, uma das principais expressões artísticas e de engajamento na causa trans, em nosso país, e a quem dedicamos imenso respeito e admiração pelo trabalho e pela representatividade de nossa pauta.

Lamentamos profundamente todos os mal-entendidos ocorridos, especialmente em tempos sombrios, em que nossa pauta está sendo atacada e que precisamos de diálogo e ação conjunta de todos os defensores da causa LGBT+. 

Nosso respeito e nossas saudações a Linn de Quebrada e a todos os defensores dos direitos da população LGBT+ !

XVIII PARADA LGBT+ de João Pessoa, verdade, memória e justiça, 50 anos de Stonewall.

Nota da Funjope

A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) refuta categoricamente toda e qualquer acusação de censura aos contratados para eventos na Capital e esclarece que apoia a Parada do Orgulho LGBT, mas não é a responsável pela escolha dos artistas que vão se apresentar na Parada, apenas contrata os artistas apontados pelo movimento.

Nesse caso específico, os organizadores da Parada do Orgulho LGBT indicaram duas atrações e a Funjope fez a opção pela mais viável para o processo de contratação. A Funjope deixa claro ainda que sempre apoiou e sempre vai apoiar toda e qualquer manifestação popular que tenha o combate ao preconceito e a luta pela igualdade social como meta.