Os alunos do curso de Gastronomia, no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Mangabeira, que estão em greve por tempo indeterminado, enviaram à reportagem do Paraíba Já um vídeo que mostra a falta de insumos para as aulas práticas dos alunos nos laboratórios (cozinhas). Além disso, uma instalação temporária de botijões de gás fora da cozinha foi feita nesta quinta-feira (12). Os principais motivos para a greve são problemas estruturais, falta de insumo – os alunos custeiam materiais para terem aulas práticas – e falta de segurança no local.
No vídeo, é possível ver as geladeiras vazias ou com pouquíssimos produtos. Cada eletrodoméstico está identificada com os nomes dos professores das disciplinas práticas.
No trecho final do vídeo, é possível ver caixas etiquetadas com as informações das turmas. Esses insumos são os custeados por alunos. Conforme informações de um discente, uma aula chega a custa R$ 300 de ingredientes (para uma turma).
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Valores insuficientes e tramitação lenta
A UFPB libera recursos para a compra de insumos através de compras no cartão corporativo para os cursos de Gastronomia e Tecnologia do Alimento, no CTDR. De acordo com informações de um representante dos estudantes, que preferiu não se identificar temendo represálias, são R$ 10 mil, liberados em quatro parcelas. O período começou em outubro e termina no final deste mês, e até agora nenhuma compra de insumos foi realizada.
O problema é que os valores não são suficientes, já que custeiam as turmas de dois cursos. Além disso, há uma problemática na tramitação da solicitação desses valores. As turmas gastam aproximadamente R$ 300 por aula.
“Compras estão sendo feitas via cartão corporativo. Foi liberado pela PRA [Pró-Reitoria Administrativa] um valor de R$ 10 mil, que não está disponível todo. Ele vai ser parcelado em quatro vezes de R$ 2,5 mil. O problema maior é que R$ 2,5 mil não dá para terminar as aulas práticas do semestre. Funciona assim: após o gasto de 2,5 mil, presta contas e solicita mais R$ 2,5 mil. Esse processo de prestação, solicitação, até que os novos valores cheguem vai mais uma semana, e estamos com duas semanas para terminar o período, e simplesmente não vai dar tempo”, afirmou o representante dos alunos ao Paraíba Já.
Os alunos informam que as compras dos insumos nunca são suficientes e acabam ficando para o próximo período as solicitações que são feitas enquanto eles estão no laboratório. É como se a compra fosse solicitada para Turma A, mas quem fosse usufruir daqueles materiais fosse a Turma B. Por isso, os discentes acabam sempre custeando os insumos; prova disso, é que cada período tem sua caixa específica no laboratório, como nota-se no trecho final do vídeo acima.
Os alunos estão dispostos a repor as aulas perdidas durante a greve no período de recesso. “Estão sendo negligente com várias coisas. O que queremos são melhores condições de ensino. Estamos dispostos a estudar nas férias, não tem problema” disse o representante.
Botijão de gás
Nesta quinta-feira, uma foto foi enviada à reportagem do Paraíba Já mostrando uma instalação temporária de botijões de gás fora do laboratório. Os estudantes questionam a segurança da instalação.
De acordo com um estudante, um aluno foi quem bancou as mangueiras do botijão de gás. “Uma gambiarra”, classificou outro graduando.
Em novembro do ano passado, uma explosão aconteceu em um dos laboratórios de Gastronomia (cozinha) que serve como local de aulas práticas para alunos do curso de Gastronomia. Conforme relatos de discentes, um vazamento num botijão de gás teria ocasionado um princípio de incêndio. Uma aluna do terceiro período teria queimado a região das mãos – ela já está bem de saúde. O problema teria acontecido por conta da falta de instalação apropriada para o gás na cozinha.
Reunião desta quinta
Uma reunião foi convocada pelo departamento de Gastronomia com os estudantes para esta quinta-feira (12). No encontro, foi passado a proposta da instituição. Porém, os alunos só vão responder após uma análise durante assembleia estudantil que vai acontecer nesta sexta-feira (13).
Eles vão avaliar os pontos da proposta da UFPB e entregar as demandas dos alunos. Todas as tratativas estão sendo realizadas com o departamento, sem qualquer tipo de contato com a direção do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR) nesta etapa das negociações.
Com a palavra, a UFPB
A reportagem do Paraíba Já entrou em contato com a assessoria da Reitoria da UFPB na quarta-feira (11), e foi informado sobre a resolução para os problemas com insumos, gás e extintores.
“Insumos para aulas: sexta-feira (13) será entregue o primeiro lote. Extintores: os extintores do CTDR estão sendo recarregados por uma empresa contratada. Esperamos a devolução em uma semana. Gás: Superintendência de Infraestrutura fez um pré-projeto. Será feita uma reforma. Esperamos iniciar o serviço na sexta-feira (13)”, diz nota da UFPB.
