Caso Alph: foragidos, acusados de matar estudante participam de audiência virtual

Selena Samara Gomes da Silva e Abraão Avelino da Fonseca, acusados de matar o estudante da UFPB Clayton Tomaz Souza, o Alph, participaram de audiência de instrução, que aconteceu virtualmente nesta terça-feira (16). Os dois estão foragidos da Justiça por medo de ameaças, de acordo com os advogados.

Além dos acusados e das defesas, testemunhas e os pais de Alph participaram da audiência, promovida pela 1ª Vara do Tribunal do Júri de João Pessoa. A sessão foi encerrada sem uma nova decisão e deve ser retomada em abril de 2022.

Nesta quarta-feira (17), g1 entrou em contato com o gabinete da 1ª Vara do Tribunal de Júri da Capital para mais informações sobre a próxima audiência mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.

Ainda na terça-feira (16), enquanto a audiência acontecia, o 1º Tribunal do Júri informou ao g1, que se a audiência tivesse sido presencial, Selena e Abraão, que estão com mandado de prisão preventiva em aberto, seriam presos. Como foi virtual, o local de onde eles participaram não foi conhecido pela Justiça.

Segundo a defesa de Samara, a acusada tem interesse em colaborar com a Justiça. Em nota, a advogada Sarah Maciel também informou que Selena saiu de João Pessoa com “objetivo de se resguardar, assim como, de resguardar a integridade física dos seus familiares”.

A defesa de Abraão reforçou que “contra o acusado, pelas testemunhas, não fora levantada nenhuma acusação que o ligasse a morte de Alph”. O advogado Roberto Paiva de Mesquita Neto também declarou que Abraão está foragido “por medo que as ameaças que sofre sejam concretizadas”.

Caso Alph

O estudante Clayton Tomaz Souza, conhecido com Alph, foi encontrado com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, no dia 8 de fevereiro.

Local onde o corpo do estudante da UFPB Clayton Tomaz de Souza, o Alph, foi encontrado.  — Foto: Reprodução/Polícia Civil

Local onde o corpo do estudante da UFPB Clayton Tomaz de Souza, o Alph, foi encontrado. — Foto: Reprodução/Polícia Civil

Natural de Arcoverde, interior de Pernambuco, Clayton morava em João Pessoa desde 2014, quando foi aprovado no curso de filosofia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Estudante ativo, integrou o Centro Acadêmico do curso por três anos, assim como o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Conselho Superior Universitário (Consuni) e a comissão da revisão estatutária da UFPB (Estatuinte) pelo CCHLA (Centro de Ciências Humanas Letras e Artes).

Alph falava sobre perseguições constantes dentro da universidade e chegou a publicar nas redes sociais denúncias sobre a equipe de segurança da UFPB. Em uma das publicações, citou que estava sendo ameaçado por um dos seguranças terceirizados da universidade.

A investigação da polícia acerca da morte do estudante colheu depoimentos e fez a quebra do sigilo telefônico de um dos servidores da guarda da universidade que Alph alegava ter atritos.

A partir de um estudo com relação aos eventos de conexão gerados pelo aparelho celular do vigilante foi visto que, justamente no último dia que a vítima foi vista com vida pelas testemunhas, saindo de sua casa, na companhia de Selena e Abraão, entre 18h e 19h, o segurança se encontrava no Bairro das Indústrias, onde reside. Assim, se concluiu que ele não esteve na região onde a vítima foi vista pela última vez.

Dessa forma, a polícia concluiu que não foi encontrado nenhum indício de conexão que justificasse a continuidade do inquérito nessa linha.

A Justiça da Paraíba determinou a prisão preventiva de Selena Samara Gomes da Silva e Abraão Avelino da Fonseca. Segundo os autos, Abraão Avelino da Fonseca seria amigo da vítima. De acordo com a decisão, que saiu em junho, o pedido de prisão veio após a análise das provas periciais e dos depoimentos coletados.

Conforme o processo, Selena e Abraão mataram Alph e em seguida descartaram o corpo na estrada que dá acesso à praia de Gramame.