Uma reunião realizada em São Paulo, ontem (22) à noite, entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB), pode gerar desdobramentos na Paraíba e em outros estados brasileiros. Pauta principal do encontro que durou duas horas, a formação de uma federação aglutinando as duas legendas, mais PV e PCdoB, deu sinais de avanço, segundo o socialista, que disputa com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) a preferência para representar o grupo na disputa pelo governo paulista.
“O presidente (Lula) compreendeu os meus argumentos. Naturalmente, o PSB tem uma tendência já consolidada de caminharmos juntos (com o PT) no Brasil, e em São Paulo, ele (Lula) vai conversar com Haddad e a Gleisi (Hoffmann – presidente nacional da legenda petista), e acho que vamos estar juntos”, disse França ao jornal O Globo logo após o encontro com Lula.
O PT considera fundamental para a campanha de Lula ao Planalto que Haddad seja candidato ao governo de São Paulo, dando palanque ao ex-presidente no estado mais populoso do país.
Além disso, o PT não terá candidaturas para governador nos outros três estados do Sudeste, região considerada estratégica para as pretensões de Lula voltar ao Planalto.
No Rio de Janeiro, apoiará o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Em Minas Gerais, deverá estar com Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte. E no Espírito Santo, mesmo com alguns ruídos, caminha para estar na campanha de Renato Casagrande (PSB) à reeleição.
No Nordeste, PT e PSB já estão unidos em vários estados. Em Pernambuco, por exemplo, a legenda petista retirou a pré-candidatura do senador Humberto Costa e já anunciou apoio à postulação do deputado federal socialista Danilo Cabral, escolhido pelo governador Paulo Câmara (PSB) para representá-lo na disputa ao Palácio do Campo das Princesas.
Efeitos na Paraíba
PT, PSB, PV e PCdoB negociam uma federação partidária para as eleições deste ano. Se a costura der certo, os partidos deverão permanecer unidos pelos próximos quatro anos e só poderão indicar um candidato às eleições que irão disputar – o acordo valerá nos pleitos federal e estaduais de 2022 e municipal de 2024.
Na Paraíba, a federação pode acabar com os planos de parte do PT em apoiar o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) ao Palácio da Redenção. Na última segunda-feira (21), em evento realizado no Sindicato dos Bancários, na Capital, uma ala petista liderada pelo ex-governador Ricardo Coutinho, chegou a anunciar apoio à pré-candidatura do emedebista ao Palácio da Redenção.
“Caso a federação com o PSB e outros partidos se concretize nacionalmente, o PT paraibano necessariamente terá de estar formalmente no palanque do governador João Azevêdo, que por disputar a reeleição, passa a ser o candidato natural do agrupamento partidário”, pontuou um especialista eleitoral ouvido pela reportagem.
Nesta quarta-feira (23), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral da legenda, disse ao blog do jornalista Wallison Bezerra que “ainda é cedo” para uma definição de como o PT se comportará nas eleições deste ano na Paraíba. Dirigentes petistas locais, argumentam que o apoio a Veneziano é defendido por uma ala minoritária no partido, visto que mais de 70% dos integrantes do Diretório Estadual defendem a reeleição de João Azevêdo.
“Perguntando sobre qual fórmula o PT nacional adotará para o palanque de Lula na Paraíba, visto que tanto João, desde o ano passado, quanto Veneziano anunciaram voto no ex-presidente, o secretário-geral respondeu: ‘Ainda não há discussão sobre esse tema’”, informou Wallison Bezerra em seu blog.