Dezembro é um mês muito especial para os moradores do bairro Mário Andreazza, em Bayeux. O Projeto “De Mãos Dadas com a Comunidade”, desenvolvido pela Polícia Militar (PM), em parceria com a Organização Não Governamental (ONG), Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste, promove quatro apresentações do Auto de Natal, com os jovens da comunidade. O roteiro do espetáculo teatral terá como base a realidade da comunidade, com ênfase para as drogas, a violência, as relações familiares, entre outros problemas.
O Auto de Natal está previsto para os dias 17, em frente à Unidade de Polícia Solidária (UPS), em Bayeux; dia 18, no Marcos Moura, em Santa Rita; dia 19, na Escola Técnica de Bayeux e dia 21, em Lucena. Todos os dias, as apresentações serão às 19h30.
O Projeto tem como finalidade promover a integração entre a polícia, a escola, a família e a comunidade, para juntos enfrentarem a problemática das drogas e violência.
Além do teatro, são desenvolvidas outras atividades, entre elas, oficinas de violão, teclado, canto, artes cênicas, desenho artístico, treinamento funcional, incentivo à leitura, cursinho pré-Enem e atendimento psicológico. O projeto funciona na Unidade de Polícia Solidária (UPS), no Mário Andreazza, que é responsável pelas atividades de polícia comunitária e preservação da ordem pública.
O Auto de Natal é produzido e dirigido pelo sargento Izac Silva, tem duração de 45 minutos e o grupo tem 45 atores que formam a “Companhia Nego de Teatro”, formada por moradores, sendo a maioria, jovens.
Jonata da Silva, de 13 anos, faz teatro junto com a mãe. “Aqui faço novos amigos e sempre aprendo coisas novas. É muito legal, principalmente, por estar com minha mãe fazendo junto. Aqui, a polícia ensina. Antes, só prendia”, disse.
A dona de casa, Vera Lúcia Oliveira, de 46 anos, também faz teatro com o filho. “A gente só tem o que ganhar. Moro aqui há 28 anos e, antes desse projeto, era muita violência. Houve um tempo que eram de três a quatro mortes, por dia. Hoje, graças a este projeto, isso não acontece mais”, pontuou.
Segundo o coordenador, o capitão Alexsandro Silva, o projeto não aconteceu do dia pra noite. “Foi melhorando com o tempo. Já são quatro anos e fazemos muito, mas, pretendemos melhorar ainda mais, atuando também na perturbação do sossego; violência doméstica; conflitos interpessoais e atendimento pós-ocorrência”, falou.
“O grande desafio do projeto é mostrar alternativas saudáveis de vida, dando uma abordagem positiva. Todas as oficinas são realizadas por Policiais Militares capacitados para tal”, pontuou o policial.
“Nós da ONG Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste, trabalhamos no papel de aproximar a polícia da comunidade. Demos apoio logístico, financeiro, material e articulamos com o Ministério Público que doou material para a reforma do prédio. Até hoje, somos mediador para desenvolver as ações”, explicou a educadora social, da ONG, Anne Suelen Maria da Cruz.
Complexo Mário Andreazza
O Mário Andreazza, em Bayeux, tem uma população de cerca de 30 mil habitantes, sendo 36% formada por jovens. A comunidade vivencia várias situações de violências ligadas à violação dos direitos humanos, que se expressam pela negação de direitos social, cultural e econômico.
Resultados obtidos – Redução de 78% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais quando comparado ao triênio anterior (2013 a 2015). De acordo com o NACE (Núcleo de Análise Criminal e Estatística), houve uma quebra de paradigma e uma aproximação da PM com a comunidade.
Em quatro anos de projeto, foram atendidas, aproximadamente, 1.000 pessoas da comunidade, diretamente.
