O presidente da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), Marcus Vinícius Fernandes Neves, concedeu entrevista coletiva à imprensa de Campina Grande, na manhã desta quinta-feira (1) para esclarecer e refutar as denúncias sobre a possível toxicidade das águas do Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão). O diretor de Operação e Manutenção, José Mota Victor; o gerente regional da Borborema, Ronaldo Menezes; e as pesquisadoras Weruska Brasileiro e Janiele França Nery, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) estiveram presentes.
Marcus Vinícius iniciou a coletiva apresentando análises de agrotóxicos e células de cianobactérias e cianotoxinas na água que é distribuída no Estado, que estão sendo realizadas desde 2013, respectivamente, pelo Laboratório São Lucas, em São Paulo, e por pesquisadores da UEPB. Todas as amostras comprovam que o sistema de tratamento da Cagepa é eficaz para fornecer água potável, dentro dos parâmetros preconizados pela portaria 2914/2011, do Ministério da Saúde.
“Não estamos correndo para justificar, mas sim para reafirmar tudo o que já dissemos na coletiva anterior aqui em Campina Grande. Trabalhamos com transparência e parceria histórica com a comunidade acadêmica. Em nenhum momento negamos a presença de cianobactérias aqui e em outros mananciais, mas não podemos concordar com uma pesquisa com amostra pontual, divulgada de forma a causar pânico na população. Monitoramos o Boqueirão desde 2013 e, desde o ano passado, em periodicidade semanal. As amostras comprovam que a água é potável. A companhia refuta veementemente denúncias incipientes como essa”, afirmou o presidente.
O gestor ressaltou que a companhia só teve acesso ao laudo da Secretaria de Saúde de Campina Grande na manhã desta quinta-feira. Ele observou que o relatório, de apenas quatro páginas, não detalha a pesquisa, nem aponta a forma e periodicidade da coleta, em água bruta. “Não estou aqui contestando a capacidade técnica de nenhum pesquisador, mas nós estamos administrativamente exigindo que se ponha às claras a metodologia científica usada pela Secretaria Municipal de Saúde, para que possamos fazer as ponderações, porque o que foi apresentado não passa de um relatório sem profundidade”, destacou.
O gerente de Operação e Manutenção da Cagepa, José Mota Victor, relembrou os investimentos sucessivos que a companhia tem feito no tratamento da água na cidade. “A Cagepa nunca esteve de braços cruzados em Campina Grande. Só para citar exemplos mais recentes, investimos R$ 7 milhões na captação flutuante do Boqueirão e o planejamento para 2017 é de R$ 3 milhões só com análise de água. Enviamos laudos e relatórios frequentemente para a Secretaria de Saúde, Ministério Público, Comitês de bacia e Tribunal de Contas do Estado. Não precisamos esconder nada”, disse.
A pesquisadora Weruska Brasileiro, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UEPB, detalhou o trabalho que vem sendo feito em parceria com a Cagepa, com monitoramento semanal e estudos de técnicas de tratamento com condições de remover as células de cianobactérias e cianotoxinas. “Um desses estudos já está sendo aplicado no Boqueirão. Importante deixar claro que a presença de cianobactérias não é exclusividade do Boqueirão, mas sim de vários mananciais, e isso não significa que a água é tóxica. A responsabilidade da Cagepa é atender os padrões de potabilidade e isso está sendo feito”, disse.