Após uma reunião sem definição a respeito do desembarque do PSDB da base aliada do governo, o senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB) disse acreditar que o partido continuará sem uma postura clara e uníssona sobre a gestão Michel Temer. Para Cássio, a tendência é que os defensores de Temer continuem no governo até o fim e que aqueles que defendem o abandono da base mantenham suas críticas. O único consenso, segundo o senador, é de que “este governo acabou”.
– O partido vai continuar nesse patamar. Dividido, a deliberação foi liberar a bancada formalmente para cada um agir como quiser. Não há alternativa para o PSDB. Como não há consenso, o partido respeita a posição de cada um. O partido está rachado e vai levando isso até quando for possível. O único consenso é que o governo acabou – disse Cássio.
Segundo o senador, a ordem é “deixar como está para ver como fica”. Para Cássio, o PSDB não será o responsável pela queda rápida ou sobrevida ao governo. O papel de desestabilizador, segundo o senador, está sendo exercido pelo próprio partido de Temer, o PMDB.
– Está havendo uma cobrança exacerbada sobre o PSDB, mas quem está motivando a queda do governo é o PMDB, não o PSDB. Quem criou toda a instabilidade foi o PMDB. Agora, depois da porta arrombada, querem botar o cadeado com esse fechamento de questão da Executiva – criticou Cássio.
De acordo com o senador, as falas mais enfáticas pela permanência no governo foram dos governadores Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Marconi Perillo (Goiás), ambos na expectativa de poderem renegociar as dívidas dos estados. Já Geraldo Alckmin (São Paulo) e Beto Richa (Paraná) se posicionaram a favor da saída do governo. Entre os ministros do partido, o sentimento é pela permanência na base aliada.
Favorável
O deputado Silvio Torres, secretário-geral do partido, afirma que uma posição majoritária da bancada em plenário favorável à denúncia contra Temer pode empurrar o partido para um desembarque do governo.
— Se tiver uma posição majoritária a favor da denúncia nessa votação com o governo colocando essa situação como definitiva, acho que os próprios ministros vão acabar deixando os cargos porque não faria sentido continuar se a maioria da bancada é contra. E hoje a situação é essa — afirmou Torres, após uma reunião da bancada do partido na qual se decidiu liberar o voto dos deputados no caso.
Silvio Torres afirmou que após a reunião que decidiu pela permanência a situação do governo piorou e ficou claro que não há mais condições de se levar adiante as reformas.
— O desgaste continuou. É um governo que passa para a sociedade que não tem mais musculatura para fazer o que o Brasil precisa e tem que se defender o tempo todo — disse Torres.
Do Jornal O Globo