Saiba quem é quem na crise entre a Rússia e a Ucrânia

A crise mais recente entre a Rússia e a Ucrânia teve início quando os russos começaram a acumular militares em regiões próximas da fronteira entre os dois países, já no fim de 2021.

Inicialmente, os russos negaram que tinham pretensões de invadir o país vizinho. No entanto, em 21 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin tomou duas decisões:

  • Reconheceu as regiões de Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes da Ucrânia;
  • Autorizou o envio de militares russos para ‘manter a paz’ nas regiões separatistas da Ucrânia.

Veja abaixo quem são os principais personagens desse novo capítulo do conflito entre os dois países.

Vladimir Putin

Vladimir Vladimirovitch Putin, de 70 anos, está há mais de 20 no poder. Ele se tornou presidente da Rússia em 2000.

Ele nasceu na periferia de Leningrado, atual São Petersburgo, em 1952. Formado em direito, ele entrou na KGB, o serviço secreto russo, em 1975. Iniciou a vida pública em 1994 como vice-prefeito da cidade de São Petersburgo.

Em agosto de 1999, foi escolhido primeiro-ministro do então presidente Boris Yeltsin. Em 2000, Yeltsin renunciou, e Putin se tornou presidente da Rússia.

Sua política durante a segunda guerra da Chechênia (1999 e 2009) foi interpretada pelos eleitores como um “ressurgimento” do poderio do Estado russo. Ele foi eleito duas vezes. Em 2008, impedido pela legislação de seguir no poder, ele deixou o governo, que passou a ser liderado por um aliado próximo.

Em 2012 ele voltou a ser eleito presidente no primeiro turno para um mandato de seis anos. A eleição foi marcada por manifestações inéditas da oposição.

No ano de 2014, o presidente russo promoveu a anexação da península ucraniana da Crimeia depois da ocupação dessa região por parte das tropas russas.

Volodymyr Zelensky

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em entrevista coletiva na semana passada — Foto: AP Photo/Efrem Lukatsky

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em entrevista coletiva na semana passada — Foto: AP Photo/Efrem Lukatsky

Até ser eleito presidente do país em abril de 2019, com 73% dos votos, Volodymyr Zelensky, o líder da Ucrânia, era um ator e comediante.

Ele havia interpretado um presidente em uma série de televisão chamada “Servo do Povo”. Sua eleição foi resultado do descontentamento dos ucranianos com a elite política do país, considerada corrupta e ineficaz.

Pai de dois filhos e formado em direito, Zelensky é da cidade de Kryvy Rig, no centro do país.

Na campanha, ele afirmava que sua principal prioridade era acabar a guerra no leste do país. Desde 2014, separatistas da região do Donbass tentam conquistar a independência.

Até a crise recente com a Rússia, o momento de maior destaque foi quando ele acabou envolvido em um tema da política dos Estados Unidos: o impeachment de Donald Trump.

Em um telefonema quando ainda era presidente dos EUA, Trump pediu a Zelensky que elaborasse um dossiê sobre o filho de Joe Biden, que teve negócios na Ucrânia. Trump sugeriu que poderia ajudar o país europeu com US$ 400 milhões de ajuda militar.

Para os deputados americanos, isso configurou uma oferta de troca de ajuda do governo dos EUA por um documento que interessava pessoalmente a Trump.

Trump sofreu seu primeiro impeachment por isso, mas o Senado dos EUA não o afastou do cargo.

Otan

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg — Foto: Kenzo Tribouillard / AFP

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg — Foto: Kenzo Tribouillard / AFP

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma aliança militar que, hoje, tem 30 países. Se um dos países da aliança for atacado, todos os outros se veem obrigados a responder o ataque.

Os Estados Unidos lideraram a criação da organização durante a Guerra Fria e, inicialmente, havia 10 países da Europa Ocidental na Otan. Ou seja, se um deles fosse atacado, os EUA deveriam responder —e a principal ameaça, durante a Guerra Fria, era a União Soviética.

No fim dos anos 1990, a Otan incorporou diversos países do leste europeu, como a República Tcheca, a Hungria, a Polônia (todos em 1999). Em 2004, outros sete países do leste europeu foram adicionados.

O último país que entrou na Otan foi a Macedônia do Norte, que faz parte da organização desde 2020.

Joe Biden

Joe Biden — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Joe Biden — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Quando Joe Biden estava em campanha para presidente, em 2020, ele chegou a classificar Putin como um assassino.

Em junho de 2021, os dois tiveram o primeiro encontro como líderes de seus países. Na ocasião, eles afirmaram que conversaram sobre cybersegurança.

Neste ano, Biden fez avisos reiterados de que a Rússia iria invadir a Ucrânia. O presidente americano já disse que os EUA não vão enviar tropas, mas o país tem apoiado os ucranianos com armas e com a ameaça de sanções.

Regiões de Donetsk e Luhansk

As regiões de Donetsk e Luhansk formam a área conhecida como Donbass na Ucrânia. Elas se autoproclamaram República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk.

Apoiadas pela Rússia, essas duas regiões estão em guerra com a Ucrânia há cerca de oito anos —o conflito de natureza separatista começou em abril de 2014.

Os dois territórios autodeclararam independência depois de terem feito referendos, considerados apressados, já em 2014 —em Donetsk, a medida foi aprovada por 89% dos votos, e em Luhansk, por 96%.

Essas duas regiões foram consideradas repúblicas independentes pela Rússia de Vladimir Putin em 21 de fevereiro de 2022.

Áreas de Donetsk e Luhansk, reconhecidas como independentes pela Rússia — Foto: Arte g1

Áreas de Donetsk e Luhansk, reconhecidas como independentes pela Rússia — Foto: Arte g1

A bacia de Donbass é a mais importante fonte de energia e a maior região industrial da Ucrânia, segundo a “Encyclopedia of Ukraine”, portal criado por pesquisadores do Instituto Canadense de Estudos Ucranianos (CIUS).

O carvão é um dos produtos mais comercializados e produzidos da região. Ela conta com indústrias de carvão altamente desenvolvidas, além de metalúrgicas e empresas diversas.

Donbass é uma planície ondulada e contínua que tem altitude máxima de 369m, o que facilita a movimentação de tropas. A região recebe mais chuva do que grande parte do país, o que permite o desenvolvimento de vegetação de estepe (com pouca presença de árvores).

Do G1.