Retaliação política e ‘calote’: Drº Vituriano expõe ‘racha’ com Cartaxo

O ex-prefeito de Cajazeiras e ex-deputado estadual Vituriano de Abreu (MDB) denunciou, nas redes sociais, que trabalhou como médico de uma Unidade de Saúde da Família (USF) e como plantonista do Complexo Hospitalar de Mangabeira, o Trauminha, e não recebeu o seu pagamento de dezembro do ano passado.

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“Você acha que é correto a gente trabalhar um mês sem ninguém dizer mais que não está contratado e depois não dar nem atenção em pagar, mesmo eu fazendo o pedido de maneira correta e legal? Fiz esse alerta [se referindo a uma postagem no Facebook], mas o pessoal lá é muito frio”, afirmou.

Em entrevista ao Paraíba Já, Vituriano explicou que teriam encerrado o seu contrato com a gestão por acúmulo de cargos, já que ele é aposentado pelo Estado e pelo Ipep (Instituto de Previdência do Estado da Paraíba). Ele, contudo, sustenta que abdicou da pensão que recebia do Ipep e, mesmo assim, não teve o contrato renovado, alem de não ter recebido o pagamento do mês de dezembro, no qual ele trabalhou de segunda à sexta-feira na USF e como médico plantonista aos domingos.

Início da relação

“Quando perdi a eleição em 2014, eu fui ao prefeito [Luciano Cartaxo] e disse que não queria voltar para Cajazeiras porque lá meu espaço político tava pouco. O meu hospital foi fechado e ele disse que ia arrumar uma vaga para mim no PSF. Veja bem: eu sou especializado em Saúde Pública e Saúde da Família. Especializado mesmo, não é treinado não. Eu disse a ele que iria mostrar o meu currículo, porque assim ele me chamaria facinho [sic]. Ele olhou e mesmo assim passou um ano sem me chamar. Depois, me chamou. Quando fui trabalhar, sempre carreguei as coisas do jeito que eles pediam. Tirava plantão em Gramame de graça, fazia palestras para as campanhas do Outubro Rosa, Novembro Azul, porque eu tenho conhecimento. Mas isso era porque queriam, para reforçar a administração. Nunca me deram valor”, desabafou Vituriano.

Retaliação

O ex-parlamentar acusa ainda Cartaxo de retaliação política, por não ter votado no irmão gêmeo do prefeito, Lucélio Cartaxo (PV), então candidato a governador em 2018. Vituriano de Abreu, que disputou as eleições para a Câmara Federal, resolveu apoiar José Maranhão (MDB).

“Quando veio essa história dele [Luciano Cartaxo] ser candidato a governador, eu disse ‘pronto, eu vou ser deputado [federal] e voto com vocês’. Aí ficamos acertados. Quando veio à hora, não era mais ele, era o irmão. Quando anunciou o irmão, eu já tinha compromisso com o MDB, porque sou filiado ao partido, sou do Diretório Nacional. Aí eu falei: ‘vou ficar com irmão dele não, fiquei com Maranhão'”, explanou.

De acordo com Vituriano, o prefeito Luciano Cartaxo teria ficado triste, mas, mesmo assim, pediu para que ele fizesse campanha para Lucélio em Cajazeiras, uma vez que o prefeito José Aldemir (PP) “tinha prometido apoio e deu às costas” à candidatura de Lucélio.

“Faltando 15 dias, eu disse que não ia (apoiá-lo), porque não ia votar neles e porque não ia resolver nada em 15 dias. Aí eles se fecharam e aguardaram só terminar as eleições. Eu fui até avisado por uma pessoa que é amiga minha. Aí eu fiquei: ‘tem nada não, quando chegar o dia eu saio. Eu estou fazendo favor, não estou recebendo favor’. Mas, quando chegou dezembro, que era o fim do prazo, de três meses depois das eleições para demitir, deram as contas. Só ficou feio porque não pagaram e porque não colocaram ninguém no lugar”, lamentou.

Situação do Trauminha e da Saúde na Capital

“Tirava plantão lá todo domingo e durante a semana no PSF do Altiplano. Então, tiraram e ficou sem ninguém. Eu era contratado plantonista e fazia da maneira que desse certo. Porque sempre foi deficitário, mas eu não corria do trabalho, eu fazia. Tem que fazer isso que o CRM fez [interditar eticamente bloco cirúrgico no Trauminha], se conscientizar que não está dando certo e não deixar correr, correr, correr e deixar a gente [os médicos] responder sozinho”, refletiu.

Confira o texto da publicação no Facebook de Vituriano de Abreu na íntegra:

Quem gosta de trabalhar sem receber seus vencimentos?

Trabalhei quatro anos como médico de PSF e plantonista no trauminha na condição de contratado .
Tenho a impressão de que me esforcei ao bastante para cumprir minhas obrigações !
Invoco aos usuários dos psf : nova esperança de mangabeira e altiplano , assim como do trauminha a confirmarem ou desmentirem -me.
Por três vezes a prefeitura de João Pessoa mesma , renovou o nosso contrato .
Só que em dezembro de 2018 , a partir do dia primeiro não deu importância e me deixou trabalhar o mês todo .
Quando chegou o tempo de receber aquele mês trabalhado , Zero pagamento.
Busquei saber os motivos : o fim do contrato .
Ainda procurei saber se não poderia renovar tudo novamente , vi começar um capitulo com cheiro de política rasteira .
Forcei a barra pra entender , só vácuo !
Tentaram me convencer que era acúmulo de cargos , eu necessitava
abdicar de um dos dois que tenho( aposentadoria do estado ou do Ipep onde ainda espero pela aposentadoria .
Pedi afastamento do ipep porque os vencimentos de lá não chegam a 1300,00.
E ai? Não deram bolas ;
Vi que se tratava de revanche político , eu não tinha votado em Lucélio para governador .
Entrei com o requerimento junto à secretaria da saúde pra receber dezembro e até agora nada .
Eu não sabia que lucelio tinha empatado com Joao Azevedo e porque faltou o meu a vitória foi pra João!
Portanto , lamento em ter que informar ao público da Paraíba que uma prefeitura do porte da de João Pessoa não tenha gente capaz de preparar um pagamento, um mês,de um só servidor !
Isto é uma vergonha .
Isto é um desrespeito .
Ato assim , não projeta um político executivo , pelo contrario, mancha —0!
Dr Antônio Vituriano de Abreu