Presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagens da PB é mais um a ser contra

A preocupação do Senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) sobre a decisão do Governo Federal de privatizar os aeroportos de João Pessoa e Campina Grande, cujo leilão vai ocorrer nesta sexta-feira (15) na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), também foi demonstrada pelo presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagens da Paraíba (Abav-PB), Bruno Mesquita, que disse ser contrário a qualquer mudança que diminua a capacidade de porte e de estruturação destes aeroportos.

Bruno disse que é preciso esperar o detalhamento das privatizações para que a Abav-PB emita uma opinião mais detalhada a respeito, mas que a entidade é contrária a qualquer diminuição na capacidade de estruturação dos aeroportos. “Estamos aguardando para ter a verdadeira dimensão de como vai ocorrer essas privatizações, por parte das empresas que ganharem, para sabermos os benefícios e malefícios. Mas, claro, se nós perdermos o que já ganhamos no dia a dia dos aeroportos será péssimo para todo mundo”, disse.

Segundo o presidente da Abav-PB, se for para piorar o que já está mais ou menos, ai vai complicar. “Somos totalmente contrários a tirar os benefícios que os aeroportos já têm, portanto, diminuição de voos e aumentar taxas, ai a gente vai, de uma forma coesa, entrar com representação, pedir esclarecimentos e colocar a boca no trombone”.

Sobre a Privatização

Segundo os dados apresentados pelo governo, para a 5ª Rodada de Concessões de Aeroportos, o Bloco Nordeste inclui os aeroportos de João Pessoa, Campina Grande, Recife, Aracajú, Maceió e Juazeiro do Norte. O aeroporto de João Pessoa movimenta 1,4 milhão de passageiros por ano; e o de Campina, 150 mil. Porém, com as concessões esses números poderão cair drasticamente, reagiu o Senador Veneziano Vital do Rêgo, em recente alerta feito na tribuna do Senado.

É que, segundo Veneziano, a concessionária vencedora terá que cumprir algumas obrigações, que preveem adaptações técnicas. Dentre elas, a mudança nos tipos de aeronaves que podem operar nos dois aeródromos paraibanos.

Atualmente, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, os aeroportos de João Pessoa e Campina Grande são homologados para garantir operação de aeronaves 4C, operadas pelas principais companhias aéreas brasileiras (Latam e Avianca operam com A319, A320 e A321; e a Gol com o Boeing 737-800). Porém, destaca Veneziano, o novo operador aeroportuário terá obrigação de adequar os aeroportos para aeronaves 3C (menores que a atual). “Assim, nestes aeroportos, as grandes companhias aéreas não terão o conforto necessário para operar com suas aeronaves, da categoria maior, a 4C”.

Retirada do ILS de Campina Grande

Outro alerta feito por Veneziano trata do ILS, equipamento conseguido pelo então Senador Vital do Rêgo Filho (hoje Ministro do Tribunal de Contas da União – TCU). O ILS, equipamento de pouso por instrumento de precisão, foi instalado no aeroporto de Campina Grande para auxiliar manobras de aeronaves em condições adversas, mas nunca chegou a operar em sua plenitude, devido a adequações na pista e na área de escape que nunca foram feitas.

O relato técnico a que Veneziano teve acesso informa que poucos aeroportos no Brasil dispõem de ILS e que o de Campina Grande nunca funcionou de forma plena por conta da “proximidade da Terminal de Passageiros da Pista de Pouso e Decolagem e do Pátio de Aeronaves, ferindo a ‘rampa de aproximação’ do equipamento”.

“Com a obrigatoriedade do operador aeroportuário de adequar todo o sistema de pista e pátio para garantir apenas a operação por instrumentos não-precisão, o aeroporto de Campina Grande corre o risco, mais uma vez, de não garantir o funcionamento pleno deste importante equipamento, conseguido pelo então Senador Vital do Rêgo”, afirmou.

Outro detalhe levantado por Veneziano é que esta será a primeira vez que haverá concessões em bloco, cabendo ao vencedor do leilão administrar todos os aeroportos do respectivo bloco.

No caso do Bloco Nordeste, o aeroporto de Recife, com uma movimentação de 7,8 milhões de passageiros ao ano, será o grande atrativo, o que, fatalmente, desestimulará o vencedor de investir nos aeroportos de João Pessoa e Campina Grande. “Será que o concessionário não irá desestimular as operações nos aeroportos menores, para fomentar a operação no seu aeroporto maior?”, questionou o parlamentar.