Paraibano Matheus Cunha mira Ronaldo e sonha em jogar Copa e Olimpíada

Autor do gol mais bonito no retorno do Campeonato Alemão, atacante brasileiro diz que seu maior golaço foi pelo Leipzig, que concorreu ao prêmio Puskas

Matheus Cunha tem uma queda pelo Chelsea. Não que seja torcedor. Seu pai é rubro-negro, Flamengo, desde menino. Mas sua mãe torce pelo Sport, onde o jovem atacante brasileiro atuou no futsal. “Não dá para dizer que tenho um time preferido, porque aprendi a gostar de muitos”, avisa. A queda pelo Chelsea é porque seu primo, amigo do peito, torcia pelo Manchester United. Matheus resolveu ser do contra e passou a acompanhar o time da região oeste de Londres.

Aos 20 anos, Matheus marcou o golaço da rodada de retorno do Campeonato Alemão, pelo Hertha contra o Hoffenheim. Mas ele não julga este o seu mais bonito. Prefere o que marcou pelo Leipzig contra o Bayer Leverkusen e concorreu ao prêmio Puskas na temporada passada.

Ele atendeu ao telefone com uma simpatia enorme, para quem tinha se tornado destaque do retorno do primeiro campeonato pós-pandemia. Falou sobre a vida e sobre o sonho: jogar Copa do Mundo e Olimpíada no ano que vem.

PVC – Que golaço pelo Hertha contra o Hoffenheim. Este foi mais bonito do que o marcado pelo Leipzig contra o Bayer Leverkusen?

MATHEUS CUNHA – Pergunta difícil. Mas acho que a atmosfera do jogo pelo Leipzig contra o Bayer Leverkusen, torna aquele gol mais especial. Na comparação, ainda prefiro aquele, por causa da torcida. Não dá para pensar se vai concorrer ao prêmio Puskas. Você nunca comemora um gol pensando em ser premiado. Você faz o gol e comemora. Daquela vez, concorreu. Quem sabe, desta vez também.

PVC – O Brasil há tempos procura um centroavante indiscutível, como Romário e Ronaldo. Você pode ser este cara?

MATHEUS CUNHA – Ah, eu sempre busco ajudar a seleção. Primeiro, se eu for convocado será um prazer imenso. Difícil pensar em ser comparado com jogadores tão grandes, como esses citados. Eu agora estou mudando um pouco o jeito de jogar. Eu gosto muito de jogar de centroavante, no meio do ataque. Agora, no Hertha, estou sendo escalado por trás do centroavante, com liberdade, caindo pelo lado. Na hora do gol contra o Hoffenheim, eu estava pela esquerda. Mas gosto de jogar de centroavante. Joguei assim no Leipzig, no Sion, meu primeiro clube na Europa. E estou muito feliz jogando desta maneira na seleção olímpica.

PVC – Antes do jogo de sábado, você estava mais preocupado ou mais ansioso?

MATHEUS CUNHA – Depende. Você pode falar da vida ou do futebol.

PVC – Dos dois. Da vida e do futebol.

MATHEUS CUNHA – Sinceramente, eu estava mais preocupado, por estar em outra cidade. Não por causa da doença, mas porque meu filho poderia nascer a qualquer momento e eu estaria em outro lugar. Aqui é parto normal, ele poderia nascer e eu não estar, não conseguir voltar a tempo. Mas também por esse motivo, a palavra mais certa a se empregar é ansioso. Eu estava muito ansioso.

PVC – Qual é o atacante em que você se inspira?

MATHEUS CUNHA – Sem dúvida, os dois caras que eu gostaria de ter visto jogar mais tempo são Romário e Ronaldo. São dois atacantes que enchem meus olhos. Dois caras que posso chamar de ídolos.

PVC – Você é paraibano. Antes de ser jogador, sempre viveu na Paraíba?

MATHEUS CUNHA – De morar, sim. Mas eu fui muito cedo, com 11 anos, para o Recife, jogar futebol de salão. Depois, o Sport me chamou para jogar futsal e, ao mesmo tempo, surgiu a chance de ir para o Coritiba. Quando eu estava no Recife, eu passava muitos finais de semana em Pernambuco. Mas sempre fazia o bate-volta e sempre morei em João Pessoa. Até porque são as duas capitais mais próximas do país, João Pessoa e Recife.

PVC – Entre Copa do Mundo e Olimpíada, o que você acha que é possível jogar?

MATHEUS CUNHA – Acho que dá tempo de jogar os dois. Há casos de grandes jogadores que atuaram em Olimpíada e Copa do Mundo em anos seguidos. Eu sonho jogar pela seleção brasileira, quero muito. E meu sonho de jogar os dois torneios é totalmente possível.

Do Globo Esporte