Ouça: vítima de feminicídio morta por secretário de Belém recebeu orientação policial para não acionar Justiça

Rayssa já havia feito um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada da Mulher, em Guarabira, na mesma região, denunciando as ameaças que sofria de Betinho

Rayssa de Sá, vítima de feminicídio, enviou áudios para sua família revelando que foi desencorajada por um escrivão da Polícia Civil a procurar uma solução judicial para recuperar roupas e documentos que estavam na casa que dividia com o secretário de comunicação de Belém, Betinho Barros, ex-marido dela, que tirou a própria vida após matar Rayssa a tiros.

O Pedro, citado no áudio por Rayssa, seria escrivão e teria sugerido que ela conversasse com alguém da família dele para pegar as coisas, pois ele era uma pessoa pública.

Ouça:

“Mãe, olha, já saí da delegacia, agora eu vou lá para a Defensoria Pública. Peguei minha identidade agora, porque Pedro ficou me enrolando, me enrolando, puxando assunto, dando conselhos, falando, falando… Ele disse que acha que eu consigo pegar essas minhas coisas de uma forma que não seja judicial, que eu fale com alguém da família dele para buscar, algo assim, se não resolver, aí eu vou com a polícia, mas ele disse para eu tentar resolver assim, porque ele é uma pessoa pública”, disse Rayssa.

Rayssa já havia feito um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada da Mulher, em Guarabira, na mesma região, denunciando as ameaças que sofria de Betinho. Ela foi até a delegacia de Belém para pedir ajuda para recuperar o material.

A Polícia Civil da Paraíba afirmou na segunda-feira (25) que vai investigar se houve alguma irregularidade por parte de algum servidor no caso. A polícia também disse que ofereceu a Rayssa uma medida protetiva e um reforço na segurança, mas ela não quis aderir ao programa de proteção.