Micro e pequenas indústrias iniciam o ano com saldo negativo de vagas

Pesquisa mostra que quase 50% da categoria está com menos funcionários em comparação ao começo de 2020

Em 2020 o Brasil sofreu uma grande baixa em relação aos postos de trabalho formal, fechando o ano com 14,1 milhões de brasileiros desempregados, o equivalente a 14,3% da população, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged).

A indústria, entretanto, que emprega hoje 9,7 milhões de trabalhadores, ainda segundo o Caged, foi o setor que mais criou empregos formais no ano passado, fechando com saldo positivo de 207.540 novas vagas. De acordo com o mesmo levantamento, divulgado pelo Ministério da Economia, foram contratados pela indústria 4,1 milhões e desligados 3,9 milhões em todo o país.

Apesar disso, de acordo com o Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pela Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), levando em consideração o universo das micro e pequenas indústrias, o cenário se mostra diferente, já que quase metade (47%) das micro e pequenas indústrias (MPI’s) começou janeiro de 2021 com menos funcionários que no mesmo período do ano passado. Uma em cada três (29%) demitiram mais de cinco funcionários.

Micro e pequenas indústrias iniciam o ano com saldo negativo de vagas

Segundo a pesquisa, o último mês com saldo positivo de vagas na categoria foi em fevereiro 2020. Em março, que marcou efetivamente o início do isolamento social, observa-se uma queda de 10 pontos no índice de contratações e demissões. Anteriormente, o mês de outubro de 2019 havia sido, historicamente, o último a registrar saldo negativo.

Micro e pequenas indústrias iniciam o ano com saldo negativo de vagas

Apenas no mês de dezembro de 2020, foram registradas demissões em 15% das micro e pequenas indústrias. Para o presidente do Simpi, Joseph Couri, este é o resultado de meses de quebra da cadeia produtiva. “Fatores como a falta de acesso a crédito, baixo capital de giro e os entraves no fornecimento de insumos e matéria prima influenciaram para agravar o cenário. O empresário, sem saída, reduz o quadro de funcionários, o que reflete, inclusive no desempenho na produção. É um círculo vicioso. O governo deveria se preocupar mais com a micro e pequena indústria, que é a base da cadeia produtiva”, alerta.

Home office

A pesquisa revela ainda que a maioria (79%) já retornou à jornada de trabalho totalmente presencial. Apenas 21% das MPIs ainda mantém funcionários trabalhando de casa por conta do coronavírus. Para apenas 9% destas, o home office abrange a maior parte do quadro de funcionários.

Micro e pequenas indústrias iniciam o ano com saldo negativo de vagas

Sobre a pesquisa

Realizado pelo Datafolha, a pedido do Simpi, o Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, traz um panorama da categoria econômica. A coleta de dados ocorreu em janeiro de 2021.