Hacker descobre brecha no controle de vacinas da Fiocruz

Um hacker ético (White Hat) encontrou uma série de vulnerabilidades no sistema de controle de armazenamento de vacinas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem produzido imunizantes da Oxford/AstraZeneca contra a covid-19. A falha pode comprometer o gerenciamento dos insumos, fazendo com que vacinas estraguem e ainda expõe dados de pessoas que trabalham no órgão.

Identificado somente como “Hacker do Bem”, expressão reconhecida na comunidade de cibersegurança em tom de deboche, ele mostrou o passo a passo sobre onde estão os problemas, que podem ser aproveitados por cibercriminosos (Black Hats).

Ele lembrou que esses hackers mal-intencionados estão “criptografando sistemas iguais a estes que estiverem expostos, deletando informações e realizando ataques de Ransomware (resgate de dados, criptografa os sistemas e pedindo bitcoins como resgate) e também gerarem indisponibilidade no sistema”.

Hacker

Riscos enormes

Os riscos para a Fiocruz existem por causa de um host IP vulnerável, sendo que é possível acessá-lo diretamente pela internet. O acesso leva direto ao sistema de controle de armazenamento de vacinas. Com a entrada garantida, um cibercriminoso pode:

  • Ver informações de dispositivos como os freezers que refrigeram as vacinas e realizam as medições.
  • Acessar informações das estufas e freezers para deletar vários controles;
  • Deletar mecanismos de controle que detectam e alertam variações de temperatura e garantem que as vacinas e medicamentos não estraguem.
  • Acessar e apagar informações confidenciais como e-mails e telefones de profissionais que trabalham na Fiocruz.
  • Desligar eventos de monitoramento e alertas críticos.
  • Editar informações como e-mails para receber alertas no lugar dos administradores do sistema.

Hacker

O hacker mostrou também que mesmo com mecanismos de segurança e firewall Fortinet é possível acessar o sistema. Além dos mecanismos de temperatura, até mesmo sensores de umidade e lâmpadas podem ser acessados a partir dessas falhas.

Recomendações

O “Hacker do Bem” enviou um e-mail para Fiocruz, que o TecMundo teve acesso, expondo a situação. Na mensagem eletrônica ele lembra que a pandemia tornou sistemas assim muito críticos e alvos de cibercriminosos.

Ele disse que não está disposto a violar o canal ou causar dano, mas dado que “vidas estão em jogo”, ele achou ético e prudente avisar a Fundação sobre as falhas.

Hacker

“Em respeito aos profissionais de tecnologia de vocês, gostaria de pedir o bom senso e compreensão de todos e que o departamento de Tecnologia responsável pelo sistema não seja ‘apedrejado’ e de forma alguma penalizado, pois falhas ocorrem e falhas assim são difíceis de serem encontradas. Peço que apenas informá-los para que as falhas sejam corrigidas”, reiterou no e-mail.

Do Tecmundo.