“Gozei”: homem é denunciado por assédio sexual em ligações para advogadas, na PB

Jovem de 24 anos, de Cruz do Espírito Santo, simularia atendimento para abuso sexual contra filha para fazer piadas maliciosas e se masturbar durante contato com mulheres juristas

(Foto: Reprodução/Instagram)

Um homem foi denunciado por assédio sexual à Polícia Civil por estar ligando para advogadas, simular busca por atendimento para caso de abuso sexual contra uma filha e possivelmente se masturbar durante a ligação. Ele foi identificado como Carlos, de 24 anos, possível residente no município de Cruz do Espírito Santo, na Região Metropolitana de João Pessoa. O caso foi enviado ao Paraíba Já na tarde desta quinta-feira (9). Confira Boletim de Ocorrência e prints das conversas no WhatsApp no fim desta matéria.

De acordo com uma das vítimas, que preferiu não se identificar, a primeira ligação aconteceu em janeiro, e outra em abril deste ano. No primeiro contato, que aconteceu em janeiro deste ano, o homem teria até enviado foto com teor sexual explícito.

“Ele falou a primeira vez pelo WhatsApp dizendo que a filha dele era corretora e tinha sido abusada. Deu detalhes, falou que ela tinha ido mostrar um apartamento a um homem e ao chegar lá, ele teria agredido ela e forçado ela a tirar a roupa e que não tinha consumado o ato do estupro, mas que tinha ficado se masturbando com ela nua. Me perguntou quais seriam as consequências jurídicas, se esse cara poderia ser preso, o que eu poderia fazer. Eu dei as explicações pertinentes como advogada”, relatou inicialmente a vítima ao Paraíba Já.

O contato começou a mudar quando a advogada pediu sua identificação e o homem começou a falas maliciosas. “Ele estava se identificando como ‘Gozh’ e por isso eu estranhei. Pedi contato e dados pessoais da filha, e disse que iria marcar com ela pessoalmente. Ele enrolou e perguntou: ‘você sabe meu nome?’, respondi que sim. Comecei a gravar a conversa porque entendi que ele estava mal intencionado e percebi que durante a ligação ele estava com a respiração ofegante, estava estranho. Então ele disse: ‘diga meu nome para eu confirmar’. Eu falei: ‘Você me falou que era Gozh’. Ainda pronunciei ‘Goz’, pois estava prevendo o que viria. Com isso, ele finalizou dizendo: ‘aí, gozei’. Esculhambei e ele me bloqueou no WhatsApp”, prosseguiu a vítima.

Perfil suspeito

Após esse primeiro caso, a vítima averiguou suas redes sociais, e notou um perfil desconhecido visualizando seus Stories do Instagram. “Guardei essa informação”, disse ela. O perfil é “@carlynhosbrownn”, que o Paraíba Já checou na tarde desta quinta-feira e constatou que Carlos se identifica como morador de Cruz do Espírito Santo, tem 24 anos e é solteiro. A conta está privada, sem possibilidade de visualizar as publicações.

Já em abril, Carlos entrou em contato novamente com a advogada, porém, utilizando outro número de telefone. Dessa vez ele relatou outro suposto caso de abuso sexual para pedir um atendimento advocatício.

Ele disse que um homem se masturbou do lado da filha dele no ônibus, que a filha era corretora, e então a advogada reconheceu a voz. “Enquanto ele falava, eu corri no instagram e vi que o mesmo perfil de ‘@carlynhosbrownn’ tinha visto meus stories e eu falei: ‘você ja falou comigo antes, eu lembro da sua voz’. Ele quis desconversar, disse que eu estava enganada. Eu tava na frente do notebook então já comecei as pesquisas, deixei ele contando a história e pedi o CPF dele a data de nascimento, deu inexistente”, relatou.

“Eu o interrompi e disse que ele tava me dando um CPF falso, nessa ocasião ele se identificou como Carlos Alves. Quando eu disse que ele estava mentindo, já disse que ele tinha me ligado antes e estava me assediando, ele disse que eu tinha que ter provas porque estava o acusando de coisas graves e desligou a ligação”, completou a advogada ao falar sobre o segundo contato do denunciado.

Identificado, encurralado e denunciado

Após desligar a ligação, Carlos seguiu o contato via WhatsApp. Ele falou que a advogada teria que provar o que estava dizendo. “De imediato eu mandei a foto dele e disse que tinha o achado, ele passou uns minutos negando e depois me bloqueou. Aparentemente ele nem teve tempo de terminar o que estava fazendo, porque eu já o encurralei, mas teve outras advogadas que ele fez o mesmo, ligou, contou uma história e ficou se masturbando”, afirmou ao Paraíba Já.

Conforme a jurista, dias após o ocorrido ela tomou coragem e relatou o caso para outras pessoas. Foi então que conseguiu identificar outras duas vítimas. “Uma delas me disse que ele já tinha trocado o nome de usuário do Instagram”, detalhou.

O Paraíba Já checou e há um segundo perfil identificado com a mesma foto de Carlos no @carlynhosbrownn, que seria o perfil com nome de usuário de @carlynhosbrownnoficial.

A advogada prestou queixa do homem e registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. No relato às autoridades policial, ela registra que foi vítima de assédio sexual. Os prints das conversas e as fotos do homem foram enviadas ao Paraíba Já e também às autoridades para investigarem o caso.

O Paraíba Já tentou contato com o homem através dos números que ele usou para falar com as advogadas, mas as ligações não foram completadas.

Confira Boletim de Ocorrência

(Foto: Reprodução)

Veja alguns prints da conversa