O Instituto Adolfo Lutz confirmou na tarde de segunda-feira (12) que a dentista Mariana Giordano, 36 anos, teve febre maculosa. Ela e o namorado, o empresário e piloto Douglas Costa, 42, morreram na quinta-feira (8) depois de apresentarem sintomas como febre, dor e erupções vermelhas pelo corpo. Na terça-feira (13), o instituto confirmou que Douglas também teve a doença.
O casal viajou para Campinas (SP) e também ao interior de MG dias antes de apresentarem os sintomas.
O g1 procurou o médico infectologista Marco Aurélio Cunha de Freitas para explicar como a febre maculosa funciona e quais são os tratamentos.
Como é a transmissão?
A febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela, segundo o infectologista, mas também pode ocorrer por meio de outro carrapato, desde que esteja infectado com uma bactéria chamada de Rickettsia Rickettsii e em uma região endêmica de febre maculosa.
O médico diz que a transmissão ocorre geralmente entre 6 a 12 horas depois que o carrapato está na pessoa. Marco Aurélio ressalta que além de tentar se proteger do parasita, deve se ter atenção redobrada ao chegar em casa e na hora do banho.
O período de incubação da doença pode variar entre 7 a 14 dias, segundo o infectologista. Após este período, o paciente desenvolve alguns sintomas que pode confundir com outras doenças bacterianas como febre, dor de cabeça, conjuntivite, manchas no corpo, náuseas e vômitos, e dificultar o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da febre maculosa é feito por sorologia, porém de acordo com Marco Aurélio, o resultado pode demorar. Por isso, o diagnóstico por meio do PCR é utilizado como uma forma mais rápida de entender qual a doença.
Quais são os sintomas?
Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são:
- Febre
- Dor de cabeça intensa
- Náuseas e vômitos
- Diarreia e dor abdominal
- Dor muscular constante
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
- Gangrena nos dedos e orelhas
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória
O MS ressalta que, além dos sintomas acima, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Como se prevenir?
O infectologista explica que a pessoa pode seguir algumas orientações para evitar o contato com o carrapato quando estiver em um local de contágio, como fazer o uso de calças compridas.
Onde a doença existe?
A febre maculosa também pode ser encontrada em outros países, como comenta o profissional. “É uma bactéria muito difícil de isolar, são descritas de maneiras diferentes. A gente tem nos Estados Unidos a ‘Febre da Montanha Rochosa’, mas é um pouco diferente. Provavelmente uma sub-variante de bactérias. Essa forma [igual no Brasil] é bem característica e não é nem no Brasil inteiro, são em algumas regiões”, aponta.
Suspeita em Jundiaí
O piloto de Jundiaí (SP), Douglas Costa, e a namorada, Mariana Giordano, morreram após terem sintomas de febre e dor — Foto: Reprodução/Instagram
O empresário Douglas Costa e a namorada, Mariana Giordano, morreram após apresentarem sintomas como febre, dor e erupções vermelhas no corpo. Inicialmente, foi cogitado que a causa da mortes pudesse ser febre maculosa, dengue ou leptospirose.
A dentista Mariana Giordano foi atendida em um hospital da capital paulista e Douglas estava em um hospital particular de Jundiaí (SP).
Segundo a Secretaria de Saúde, em ambos os casos, foram enviadas amostras para análise no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP). Na segunda (12), a análise confirmou o diagnóstico de febre maculosa para Mariana; na terça (13), foi confirmado também o de Douglas.
O corpo do empresário foi enterrado no Cemitério de Itupeva (SP), na quinta-feira (9). Já o corpo da dentista foi sepultado na capital paulista, de acordo com amigos.
Conforme a nota divulgada pela Vigilância Epidemiológica de Jundiaí, os sintomas teriam começado no dia 3 de junho. O órgão também informou que o casal teria ido para uma área rural de Campinas (SP) antes dessa data.
Campinas já registrou duas mortes pela febre maculosa neste ano. Segundo a prefeitura, as vítimas, de 47 e 62 anos, residiam na região de abrangência do Centro de Saúde Sousas.
O casal também passou por Monte Verde, distrito de Camanducaia (MG), nos dias 3 e 4 de junho.
A Prefeitura de Camanducaia informou que “o fato de os pacientes terem visitado a cidade no dia em que os sintomas começaram, é improvável que a febre maculosa tenha sido contraída no distrito, devido ao período de incubação da doença, que varia de dois a 14 dias”.
O poder público também informou que o município não registra casos de febre maculosa e carrapatos estrela há mais e 20 anos e que “mesmo com a provável origem de contaminação fora do distrito, realizará todas as ações de investigação epidemiológica necessárias para garantir a saúde de todos os munícipes e turistas”.
Outros casos já registrados em Jundiaí
Em 2020, a prefeitura confirmou que a cidade registrou dois casos positivos de febre maculosa, sendo uma morte pela doença.
O paciente que morreu era um homem de 49 anos que foi internado em um hospital público da cidade ao apresentar febre, dor de cabeça, dor muscular, náuseas, vômitos e pele amarelada.
Já em 2019, uma grávida de 44 anos foi internada com um quadro de infecção “inespecífica”. Ela chegou a ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. Laudo confirmou que a paciente estava com febre maculosa. Do g1.