EUA fazem 1º lançamento aéreo de ajuda humanitária a Gaza após mortes em fila por comida

Os Estados Unidos realizaram neste sábado (2) o primeiro lançamento aéreo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, na guerra de Israel contra o Hamas. A informação foi confirmada por duas autoridades americanas que falaram em condição de anonimato à agência Reuters.

Segundo a agência, mais de 38 mil refeições em 66 pacotes foram lançadas na região por meio de três aviões C-130, um dia após mais de 100 civis morrerem em fila por comida na região. Não há detalhes sobre o local de Gaza em que os lançamentos foram feitos.

Os EUA afirmaram que os lançamentos serão um esforço contínuo e têm com o apoio de Israel. O governo americano também planeja fazer envios a Gaza pelo mar.

O envio de ajuda humanitária pelos EUA foi anunciado na sexta-feira (1º) pelo presidente Joe Biden. “Pessoas inocentes foram pegas em uma guerra terrível, incapazes de alimentar suas famílias, e você viu a resposta quando tentaram obter ajuda. Precisamos fazer mais”, afirmou.

A ajuda humanitária que chega em Gaza tem acontecido por via aérea nos últimos dias, por conta da dificuldade de entrega de suprimentos pela via terrestre. França, Egito e Jordânia estão entre os outros países que já realizaram lançamentos aéreos de ajuda humanitária para a região.

Ao menos 576 mil pessoas, um quarto da população de Gaza, estão a um passo da fome extrema, segundo o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da Organização das Nações Unidas (ONU).

O órgão afirma ainda que uma a cada seis crianças com menos de dois anos na região sofrem de desnutrição e emaciação (magreza extrema).

Com pessoas comendo ração animal e até mesmo cactos para sobreviver, e com médicos dizendo que crianças estão morrendo nos hospitais de desnutrição e desidratação, a ONU disse enfrentar “obstáculos avassaladores” para fornecer ajuda.

Antes da guerra, o abastecimento diário em Gaza era feito com cerca de 500 caminhões. A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) disse na sexta que, em fevereiro, a média caiu para 97 caminhões por dia.

Críticos dos lançamentos afirmam que eles têm um impacto limitado, já que não é possível garantir que eles realmente chegarão à população local. Especialistas dizem ainda que o uso de um método ineficiente mostra a influência limitada dos EUA sobre Israel.

Mortes em fila por comida

Na quinta-feira (29), mais de 100 civis morreram durante distribuição de comida. O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, afirma ter registrado 115 mortos e 760 feridos.

O governo local, também sob controle pelo grupo terrorista, acusa soldados israelenses de abrir fogo contra os palestinos. As Forças Armadas de Israel disseram apenas que houve “empurrões e correria”, com mortos e feridos.

Sob condição de anonimato, uma autoridade do governo de Israel disse à Reuters que as tropas israelenses dispararam diversas vezes porque os soldados teriam se sentido ameaçados.

O episódio ocorreu no dia em que o número de mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro, passou da marca de 30 mil pessoas, segundo balanço do governo local. Entre as mortes, além de combatentes do grupo terrorista, estão civis, crianças e mulheres.

Na sexta, Biden disse que está trabalhando em um acordo de cessar-fogo e espera que ele aconteça até 10 de março, quando começa o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos. Antes, ele havia afirmado que o acordo saísse até a próxima segunda-feira (4).

Do G1