Escândalo das joias de Bolsonaro repercute na imprensa internacional

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Jair Bolsonaro - Foto: Adriano Machado/Reuters

Desde que a Polícia Federal (PF) indiciou, na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro por lavagem de dinheiro e outros crimes, em uma investigação sobre o suposto desvio de joias dadas pela Arábia Saudita, o assunto tem chamado a atenção da imprensa internacional. O jornal suíço Le Temps explica em sua edição desta terça-feira (9/7) que “Jair Bolsonaro é acusado de tentar roubar US$ 1,2 milhão em joias”.

Baseado em informações divulgadas pela investigação na segunda-feira (8/7), o diário relata como o ex-chefe de Estado teria se beneficiado de um sistema para a venda ilegal de joias e artigos de luxo. “Alguns itens foram vendidos e os valores obtidos foram convertidos em dinheiro e entraram no patrimônio pessoal do ex-presidente sem passar pelo sistema bancário formal”, resumiu o jornal.

O caso foi noticiado pela primeira vez em março de 2023, pelo jornal O Estado de S.Paulo. As joias estavam dentro de uma mochila da comitiva do ministro de Minas e Energia, que retornava de uma viagem oficial ao Oriente Médio. Funcionários do governo fizeram vários movimentos para liberar as peças, o último deles, dias antes do fim do mandato de Bolsonaro. Posteriormente, foi revelada a existência de outros dois conjuntos de joias que não estavam no acervo presidencial após Bolsonaro deixar o poder, apesar de esse tipo de presente constituir patrimônio público, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).

O francês Le Monde também noticiou o escândalo e deu detalhes sobre os objetos envolvidos no caso. “Os presentes incluíam um anel, um colar e brincos da marca suíça Chopard no valor de cerca de US$ 828.000, bem como relógios Chopard e Rolex de ouro e diamante e outras joias”, conta o vespertino, reproduzindo as informações divulgadas pela polícia brasileira.

Patrimônio nacional

O jornal francês Libération, que acompanha o caso desde a semana passada, escreve que “nos países democráticos, os presentes oferecidos aos chefes de Estado por convidados estrangeiros tornam-se parte do patrimônio nacional e nunca são considerados presentes pessoais”. “No entanto”, compara o diário, “Jair Bolsonaro e sua comitiva tentaram contornar essa regra”.

O jornal explica ainda que na França, esses objetos são mantidos na chamada Réserve Alma, “um depósito exclusivo de móveis próximo às margens do Sena, no 7º arrondissement de Paris, cujo endereço é mantido em segredo”. Apenas alguns itens são exibidos durante a Jornada do Patrimônio, conta o Libération.

“É a segunda vez em poucos meses que Bolsonaro é formalmente designado como suspeito de um crime”, contextualiza o jornal português Público. Em março, lembra o diário, o ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal na sequência de uma investigação sobre a suposta falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente também está sendo investigado por uma possível participação na tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022, ressalta o jornal português.

“O populista sul-americano, admirador de Donald Trump, ainda não comentou as últimas alegações contra ele, mas já havia negado qualquer irregularidade durante seu período como presidente”, resume o jornal britânico The Guardian, que apelidou o caso das joias de Jewellerygate. Do Metrópoles.