Erupção em Tonga foi equivalente a 500 bombas de Hiroshima, diz Nasa

A energia liberada este mês pela erupção vulcânica de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em Tonga, foi no mínimo 500 vezes maior do que a da bomba que atingiu Hiroshima, no Japão, na Segunda Guerra Mundial. A constatação foi feita pelo cientista Jim Garvin, da Nasa, em artigo publicado no site Earth Observatory nesta segunda-feira (24).

O vulcão submarino lançou o equivalente a algo entre 5 e 30 milhões de toneladas de TNT, segundo Garvin, que é cientista-chefe do Centro de Voo Espacial Goddard, nos EUA. Já a bomba atômica detonada em 1945 liberou o correspondente a 15 mil toneladas do explosivo.

O fenômeno é comparável a outras erupções históricas. Uma erupção ocorrida em 1980 no Monte Santa Helena, nos EUA, lançou 24 milhões de toneladas de TNT. E a atividade vulcânica em Krakatoa, na Indonésia, no ano de 1883, teve uma energia correspondente a 200 milhões de toneladas do material.

Alarme global

O vulcão em Tonga começou a entrar em atividade eruptiva no final de dezembro de 2021, explodindo violentamente em janeiro de 2022. O fenômeno gerou uma onda atmosférica que se propagou mundo afora, segundo conta Kevin Hamilton, professor emérito de ciências atmosféricas na Universidade do Havaí, em artigo para o site The Conversation.

“O pulso registrou perturbações na pressão atmosférica que duraram vários minutos enquanto se movia sobre América do Norte, Índia, Europa e muitos outros lugares ao redor do globo”, escreveu Hamilton.

Segundo o especialista, a erupção no arquipélago foi tão poderosa que fez com que a atmosfera soasse como um sino, embora em uma frequência muito baixa para ouvir — fenômeno teorizado há mais de 200 anos pelo físico e astrônomo francês Pierre-Simon de Laplace.

“As ondas podem conectar a atmosfera rapidamente em todo o globo, como as ondas que se propagam através de um instrumento musical, como uma corda de violino, pele de tambor ou sino de metal”, explica Hamilton.

Ocorrência fora do comum 

Cientistas estudam as mudanças em Hunga Tonga-Hunga Ha’apai desde 2015. O vulcão se estende por 1,8 km desde o fundo do mar, tem 20 km de diâmetro e uma caldeira submarina de 5 km. Quando entrou em erupção em janeiro, dados mostraram que a ilha se expandiu em cerca de 60% em comparação ao período anterior à atividade vulcânica.

“Toda a ilha estava completamente coberta por um décimo de quilômetro cúbico de cinzas novas. Tudo isso foi bastante normal, comportamento esperado e muito empolgante para nossa equipe”, destaca Garvin.

Entre os dias 13 e 14 de janeiro, porém, ocorreram explosões extraordinárias. E no dia 15, material do vulcão chegou a pelo menos 40 km de altitude, cobrindo ilhas próximas com cinzas e provocando ondas de tsunami destrutivas. Segundo a Nasa, foi possível ver as cinzas sobre o Pacífico Sul diretamente da Estação Espacial Internacional (ISS).

O acontecimento foi tão estrondoso que pode se encaixar em uma nova categoria, já que supera padrões de erupções Surtseianas, nas quais um pouco de água entra em contato com o magma, liberando vapor. Em vez disso, uma grande quantidade do líquido a 20 ºC entrou em uma câmara de magma subterrânea a uma temperatura de mais de 1000 ºC.

“O que aconteceu no dia 15 foi muito diferente. Não sabemos por que, pois não temos sismógrafos em Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, mas algo deve ter enfraquecido a rocha dura na fundação e causado um colapso parcial da borda norte da caldeira”, supõe o cientista.

Da Revista Galileu