Eleições de prefeito: Uma longa e larga avenida a percorrer

Tenho sido indagado sobre a pesquisa da 6Sigma sobre as eleições municipais de João Pessoa. Segue, para encerrar o ano, um pequeno e telegráfico texto, em tópicos – não me dar à pachorra de repetir os números, já conhecidos:

 

  1. A realidade dura da crise econômica e o turbilhão de fatos da crise política, por assim dizer, tanto praticamente “escondeu”, mais que em eleições passadas, o tema das eleições municipais da pauta jornalística, como também, até por isso, do circuito de assuntos de interesses imediatos do cidadão comum;

2) Evidentemente, a circunstância da crise – principalmente a situação financeira do caixa das prefeituras -, incidirá tanto na campanha como, por extensão, no resultado eleitoral. No entanto, é preciso cautela no tocante a prever uma conexão imediata entre a pauta nacional e os resultados municipais; tanto por que existem as idiossincrasias locais, como principalmente o nosso sistema político ainda não absorveu institucionalmente as forças políticas ideológicas que têm conduzido os movimentos das ruas e a polarização das redes sociais, à direita como à esquerda.

Mesmo assim, neste quesito, é possível antever, na précampanha, taxas de rejeição mais acentuadas nos candidatos da legenda do PT – especialmente nos eleitores de renda mais elevadas -, partido que dirige o Brasil há 13 anos e está no centro do fogo da luta política e ideológica nacional. No caso dos outros partidos, mesmo os grandes partidos, sejam da base do governo federal ou de oposição, curiosamente, a incidência do dado nacional é residual. Por exemplo, muitos eleitores rejeitam (uma parcela menor, zoológica, admira) a figura tenebrosa de Jair Bolsonaro, mas quantos associam o deputado à legenda do PP? Raríssimos, com certeza;

3) O dado mais relevante das pesquisas de hoje deve ser entrevisto na intenção espontânea de voto, não na intenção estimulada. Os demais números, no essencial, servem de propaganda do marketing do atual prefeito, sem dúvida – de longe – o mais conhecido dos candidatos, que se beneficia do recall das eleições anteriores;

4) O fato de a imensa maioria dos eleitores, na pesquisa espontânea, ainda não ter escolhido candidato (62,5%), demostra que a eleição municipal está em aberto. Mesmo assim, de antemão, arisco o palpite, até acaciano, que será ume eleição dura e polarizada entre o prefeito Luciano Cartaxo e o candidato do PSB, partido cujo principal eleitor é o governador Ricardo Coutinho, João Azevedo -, e que os debates serão centrados no legado que administrações do PSB e do PSD para a cidade de João Pessoa. Dos demais postulantes, Manuel Junior, Ruy Carneiro, Wilson Filho e Luiz Couto, quase todos desistirão no meio do caminho, se acostado em aliança às duas principais coligações ou se acomodando ao papel de coadjuvante, visando barganhar num eventual segundo turno, com base no patrimônio amealhado de votos.

Enfim, os candidatos e seus partidos têm pela frente uma longa e larga avenida a percorrer a partir de primeiro de janeiro. E o tempo será, a cada dia que passa, será mais escasso.