A desigualdade vacinal já é um problema real no país, revelaram os dados do MonitoraCovid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo o documento, apenas 16% dos municípios do Brasil apresentam mais de 80% da população com o esquema vacinal completo.
Uma distribuição vacinal desigual é preocupante porque locais com baixa cobertura de vacinação representam um risco para a população local e se tornam porta de entrada para novas variantes.
O documento é divulgado em um momento em que o país está em alerta com a nova versão do coronavírus, a ômicron, reportada no dia 24 de novembro, na África do Sul. Desde que foi detectada, a variante causou um número recorde de casos no país africano.
Média nacional segue alta, mas é controversa
Até o dia 8 de dezembro, 74,95% da população brasileira havia recebido a primeira dose dos imunizantes contra a Covid-19, 64,78% estava com esquema vacinal completo e 9,04% havia recebido a terceira dose do imunizante.
Esses percentuais, contudo, não estão espalhados pelo território de forma equivalente.
O acesso aos imunizantes é também um problema socioeconômico, segundo a Fiocruz. Os locais que apresentaram baixa cobertura vacinal são os mesmos que possuem baixo índice de desenvolvimento humano (IDH).
Enquanto que, no Sul do país, 30% dos municípios apresentam mais de 80% da população com esquema de vacinação completo, na região norte esse percentual cai para apenas 1,1%.
No restante do país, o percentual de imunizados com as duas doses da vacina corresponde a:
- 27,2% no Sudeste;
- 11,8% no Centro-Oeste;
- 2,7% no Nordeste.
Os dados citados refletem a situação vacinal do país apenas até o dia 08 de dezembro. O e-SUS Notifica, plataforma que reúne informações sobre casos e mortes por causa de Covid-19, voltou ao ar no dia 21 de dezembro.
A plataforma ficou inacessível por 11 dias após um ataque hacker a sites do governo.
Medidas sanitárias devem ser mantidas no verão
Além do mais, ainda de acordo com a Fiocruz, a cobertura vacinal média alta não deve ser sinônimo de flexibilização das medidas sanitárias.
Países europeus como a Alemanha (63%), Itália (67%), França (65%) e Áustria (60%), que apresentavam percentuais de vacinação similares ao Brasil, servem de exemplo para mostrar que uma nova onda de infecção pode aparecer, caso as medidas de enfrentamento não sejam mantidas.