Em campos, ora opostos ora convergentes, estão empresas como Amazon, Google, LG, Samsung e Microsoft. Elas disputam um mercado que está crescendo e, segundo previsão da IHS Markit, deve gerar US$ 18 bilhões só neste ano.
De forma geral, esses produtos funcionam de forma semelhante. Ao receber um comando de voz, executam uma ação (ligar as luzes, rodar uma série do Netflix na TV) ou fornecem alguma informação (itinerário, temperatura ou agenda do dia). Dependendo de sua capacidade, um aparelho pode até acionar outro e dar ordens a ele.
A briga por quem vai ser escolhido pelos consumidores para ter os pedidos deles ouvidos esquentou durante a CES 2018. Tanto que analistas apostam que este será o ano em que essa tecnologia vai explodir.
“O sucesso dos alto-falantes comandados por voz carregará nas costas a indústria doméstica inteligente, e os consumidores encontrarão um mercado de automação residencial mais acessível em 2018”, afirma Bem Arnold, especialista na área de eletrônicos da NPD, consultoria que acompanha as vendas de eletrônicos.
As condições para ocorrer a popularização desses aparelhos ocorra, como conectividade e inteligência artificial, são cada vez mais cotidianas, diz Tom Goughlin, analista do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
“Tecnologias de reconhecimento de voz, como Alexa e Google Home, aparecem em mais e mais coisas, permitindo que esses dispositivos respondam a comandos verbais de humanos e nos atendam dessa forma”.
“Já há assistentes incorporados em geladeiras, aspiradores e câmeras. E há planos para incluir essa inteligência em muitos outros produtos”, diz Arnold.
Só que as estratégias das empresas podem dividi-las em dois grupos.
Google x Amazon
As empresas de tecnologia, como Google, Amazon e Microsoft, lutam para fazer de seus alto-falantes inteligentes o centro de uma casa conectada. Querem que sejam eles a receberem os comandos de voz que controlarão eletrônicos e eletrodomésticos. Por isso, cada uma possui seu próprio ajudante digital.
Durante a feira, o Google foi a que mais se mexeu. Anunciou a chegada de seu assistente pessoal a alto-falantes com tela, a eletrodomésticos e a eletrônicos, em uma clara missão dupla: barrar o avanço da Amazon e criar uma nova plataforma que se torne um nicho de negócios, nos mesmos moldes do que é o Android para smartphones.
“Até agora nós não falávamos quantos dispositivos já contavam com o Assistente Google, mas podemos dizer que ele está presente em 400 milhões de aparelhos”, afirma Rincon, a diretora do Google.
As duas empresas apostam em aparelhos próprios, mas também fazem parcerias com terceiros. Apesar do avanço, o Google Assistente, presente em 1,5 mil aparelhos, ainda está atrás da Alexa, que equipa mais de 4 mil dispositivos para casa conectada.
A disputa entre as duas gerou um raro bate-boca público entre empresas de tecnologia. No fim de 2017, o Google retirou o YouTube do Echo, alto-falante inteligente da Amazon, em represália pela varejista não vender Chromecast e Google Home. A rival chamou a cena de “decepcionante”.
Além de superar a concorrente, a diretora do Google diz que o objetivo é replicar o sucesso nos smartphoens para as casas conectadas. “Nossa prioridade não é fazer dinheiro, não é mandar anúncios.”
Samsung x LG
Já Samsung e LG apresentaram seus sistemas de inteligência artificial, que fazem seus aparelhos interagirem entre si. Com isso, pretendem reduzir a brecha para empresas de tecnologia avançarem sobre a casa dos consumidores, historicamente um domínio dos fabricantes de eletrodomésticos.
A LG equipou seus produtos com o ThinQ, um sistema que faz TVs e geladeiras executarem ações após ouvir ordens, mas também permite que as pessoas recorram a Alexa e ao Google Assistente, quando instalados.
A Samsung também possui uma plataforma que conecta eletrodomésticos a eletrônicos, a SmartThings, e um assistente pessoal, a Bixby, que faz TVs ouvirem ordens para ditá-las a outros aparelhos. Mas não abre espaço para integrá-lo a outros sistemas. Além disso, quer fazer da TV a central de controle da casa.
Privacidade
A profusão de inteligência artificial que respondem a comandos de voz em uma mesma casas pode ser um entrave à popularização desses serviços, diz Tom Goughlin, do IEEE.
“Alguma padronização será necessária porque é provável que os habitantes de uma mesma casa tenham Siri, Alexa, Google Home ou uma das outras tecnologias de reconhecimento de voz”, diz. “Eles responderão o mesmo? Todos tentarão fazer o que pedimos, levando a confusão ou interferência?.” Essas perguntas ainda não têm resposta.
Outro desafio é a privacidade, diz ele. Já enfrentando grandes questionamentos sobre a forma como lidam com dados pessoais de seus usuários, essas empresas agora querem colocar na sala de estar dos consumidores um aparelho que ouve o que ocorre ao seu redor para identificar alguma ordem. Fonte: G1.