Após invasão nos EUA, professora da UEPB diz que Brasil corre o mesmo risco

Hoje, o presidente da República, Jair Bolsonaro afirmou que, se utilizarem o voto eletrônico nas eleições de 2022, "vai acontecer a mesma coisa"

A professora de Relações Internacionais na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Cristina Pacheco comentou, durante entrevista ao programa ‘F5’, da 89 Rádio POP, a influência do resultado das eleições nos Estados Unidos (EUA), que culminou, após multidão inflamada pelo ex-presidente Donald Trump, na invasão do Capitólio na quarta-feira (6). Nesta quinta-feira (7), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, se as eleições no Brasil utilizarem o voto eletrônico, “vai acontecer a mesma coisa dos EUA”.

De acordo com a professora, o acontecimento chocou o mundo, tendo em vista que a invasão nunca foi vista na história do país. Ela também destacou que ação teve motivação por parte do ex-presidente e, conforme a imprensa, a supremacia branca já dava recados em relação à manifestações do tipo, após a vitória do democrata Joe Biden.

“Quando você trata de uma das democracias mais estáveis do mundo, quando se vê o Capitólio sendo invadido, que é algo que nunca aconteceu na história dos Estados Unidos, o primeiro impacto é o choque internacional, pois nunca esperaríamos que o Trump chegasse a esse ponto, apesar dele já estar incitando parte da população que o apoia. A imprensa afirma, geralmente, que a supremacia branca americana já está dando recados a eles faz algum tempo”, destacou.

Em relação ao Brasil, Cristina Pacheco afirmou que há instabilidade política no país, já que desde o governo Getúlio Vargas, foram contabilizados dois impeachments. O receio, principalmente após a declaração do presidente Bolsonaro, que pôs em cheque a segurança do voto eletrônico, é de que a destituição aconteça novamente em dois anos. Conforme a docente, há fatores que aumentam o risco de acontecer no Brasil o que foi registrado nos EUA na quarta-feira (6), como a instabilidade política.

“No nosso caso, temos uma democracia frágil e, apesar de ter tido conquistas importantes de 1985 para cá, precisamos pensar nos últimos 100 anos. No Brasil, se olharmos de Vargas para cá, temos mais histórias de ditadura do que de democracia. Mesmo assim, de 85 para cá, tivemos dois impeachments, que já mostra instabilidade política e nosso receio é que isso se repita em dois anos”, alertou.

Conforme Cristina, a saída para que o Brasil não enfrente a mesma situação dos EUA é um candidato à altura de Bolsonaro.

“Para que isso não ocorra, é preciso que por um lado haja um candidato com condições de enfrentar o Bolsonaro e também haja um papel das instituições, que no Brasil atualmente tem sido do Supremo Tribunal Federal de limitar as ações do Bolsonaro. Mas a tendência não é o Supremo querer assumir isso nos próximos 24 meses, porque isso é desgastante para ele, Supremo, como ator político”, explicou.