Apelo de um motociclista: Cartaxo, pare de nos matar!

Cartaxo, pare de nos matar. Quando o uso o pronome pessoal ‘nos’, me refiro aos motociclistas – meu caso e caso de um trabalhador que morreu no domingo após perder o controle do seu veículo e colidir num poste na Avenida Tancredo Neves.

Eu não morri. Quem viu o acidente disse que foi um milagre dado a violência do impacto e os diversos metros que fui arrastado no asfalto da Avenida Aderbal Piragibe após passar por um buraco que não deu pra desviar.

Além do trauma psicológico, ainda não superado – os traumas físicos. Uma fratura de pulso e diversas escoriações – ralões que se transformaram em perebas que ainda estão curando. O acidente foi no dia 7 deste mês, a cirurgia no dia 13. Serão quatro meses de limitações de mobilidade e de muitos raio-x, trocas de gessos e fisioterapia.

Um leitor pode me questionar: “tá reclamando do quê?”, afinal, seis dias para colocar placa, parafusos e pino em uma cirurgia não está nada mal, levando em conta que a minha fratura, de braço, é de responsabilidade do Trauminha de João Pessoa – de gestão dos competentíssimos Luciano Cartaxo, prefeito da Capital, e Adalberto Fulgêncio – secretário de Saúde de João Pessoa.

Aliás, o histórico de lá é bem desfavorável com filas do osso que deixam fraturados meses a espera de cirurgia; blocos cirúrgicos eticamente interditados; pacientes morrendo pelo desligamento de aparelhos ocasionados por mal funcionamento dos geradores da instituição; pacientes doentes “fugindo” deste abatedouro humano e morrendo em esquinas de Mangabeira jogados ao léu.

Sendo que não foi o Trauminha que me internou e realizou o procedimento cirúrgico. Assim como o irmão-gêmeo de Luciano, Lucélio Cartaxo, eu fui para o hospital da Unimed-JP – privilégio que eu palpitaria que 90% dos motociclistas não têm. Que eu suspeito que a vítima fatal da gestão Cartaxo, um embalador de supermercado que ia para a casa de sua mãe, não tinha.

É assim: ou morre no buraco, ou morre no SUS de João Pessoa. Eu suspeito que Cartaxo já sabia disso antes de 2012, mas lhe reafirmo hoje – estendendo o aviso para Sachenka da Hora, titular da Infraestrutura e Fulgêncio, da Saúde: diferente de outras áreas da vida, a incompetência na gestão pública MATA, incapacita, destrói pessoas e famílias! Que as paredes dos vossos quartos não lhe deixem jamais esquecer disso.