Por que a PMJP não foi diligente no escândalo da Lagoa como foi na fraude do IPM?

Desde cedo, quando surgiram as primeiras informações acerca da operação ‘Parcela Débito’, que investiga um rombo de R$ 25 milhões nas contas do Instituto de Previdência do Município de João Pessoa, uma pergunta não consegue sair da minha mente: Por que será que a PMJP, apesar de todas as suspeitas levantadas sobre a obra por órgãos de controle externos, não foi tão diligente com o escândalo da Lagoa quanto foi no do IPM-JP?

No caso do escândalo da Lagoa, um relatório divulgado em dezembro de 2015 pela Controladoria Geral da União, órgão fiscalizador ligado ao Governo Federal, apontou um desvio de quase R$ 10 milhões na obra que foi executada pela Prefeitura de João Pessoa com mais de 95% de recursos federais. Na época, a PMJP preferiu desqualificar por completo a auditoria realizada por técnicos da CGU.

O silêncio da prefeitura sobre o escândalo da Lagoa só foi quebrado neste ano, depois que a Polícia Federal, através da operação ‘Irerês’, investigou as suspeitas da CGU e confirmou um desvio milionário na obra.

Encurralada pela constatação da PF, a prefeitura resolveu anunciar a criação de uma comissão interna para apurar as denúncias sobre a obra da Lagoa. Até hoje, no entanto, nenhuma informação acerca do trabalho da tal comissão foi divulgada pela PMJP.

No caso do rombo de R$ 25 milhões no IPM, a postura da PMJP foi completamente inversa ao escândalo da Lagoa. Logo nas primeiras horas da manhã, o controlador-geral do Município, Severino Souza de Queiroz, ocupou os principais programas de rádio para falar sobre a operação batizada de ‘Parcela Débito’.

Paralelamente à postura proativa do controlador-geral, a Secretaria de Comunicação da PMJP enviou nota à imprensa informando sobre o apoio da gestão municipal às investigações. Além disso, assessores da prefeitura usaram as redes sociais para espalhar detalhes da ação desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Até porque, é de se pensar se é mais cômodo apontar a culpa em que não pode se defender: os mortos. A investigação compreende o período desde o último ano da gestão do ex-prefeito Luciano Agra, principal apoiador político durante a campanha de Cartaxo em 2012 e falecido; até o ano de 2016. De 2013 até ano passado, o IPM foi gerenciado pelo vereador, também falecido, Pedro Alberto Coutinho.

Os vivos, muito vivos da gestão do prefeito Luciano Cartaxo, continuam ainda “protegidos”. Ainda que indícios da CGU, MPF e da Polícia Federal insistam em apontar ilícitos de tais vivos no caso da Lagoa.

Ainda é cedo para tirar qualquer tipo de conclusão, mas, como diz aquele ditado popular, há algo estranho no ar. Aguardemos, pois…