O biólogo pesquisador Cherre Bezerra, de 40 anos, e presidente nacional da Comissão Permanente de Prevenção e Combate ao Assédio Moral (CPPCAM) na Embrapa Algodão, em Campina Grande, denunciou ser alvo de homofobia por parte de colegas de trabalho. O caso foi registrado na Ouvidoria da empresa, no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Polícia Civil.
Bezerra relata que enfrenta casos de homofobia há alguns anos na Embrapa, mas a situação se intensificou nos últimos dois anos. Em outubro de 2023, recebeu, por engano, um áudio de um suspeito de praticar homofobia, que seria enviado a outro colega que também teria praticado atos homofóbicos. O áudio continha frases ofensivas contra Cherre.
De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado na Polícia Civil em 12 de outubro de 2023, o suspeito fez comentários homofóbicos e discriminatórios, inclusive sobre a realização de atos danosos ao laboratório onde Cherre trabalha.
“Pede pra ele encher a caixa de Cherre lá, porque aquela praga tá enchendo o saco. […] O resta tá tudo beleza: já coloquei água lá no laboratório daquele filha da p*… Eu, eu…Se eu gostasse de viado eu ia torar ele… É porque eu num gosto, tá certo”, disparou um dos suspeitos em um áudio para outro colega, também suspeito de praticar homofobia contra o pesquisador.
“O agressor encontrava-se numa roda de ‘machos’, debochando de mim e oferecendo 100 reais pra qualquer um dos ‘machos’ que ali se encontravam que quisesse ‘comer meu c*’”, relatou Cherre sobre o vídeo.
Ouça áudio homofóbico de servidor da Embrapa
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Já o autor dos áudios, Ernani Alvez foi localizado pelo g1, mas não respondeu sobre o caso.
Em nota, a Embrapa informou que “ao receber a denúncia de homofobia, instaurou processo disciplinar e também emitiu mensagem aos empregados, repudiando qualquer tipo de discriminação no ambiente de trabalho, independentemente de origem, gênero, orientação sexual, religião, raça ou qualquer outra característica pessoal”.
Ainda na manifestação, o órgão relatou que o “processo disciplinar ainda está em curso e é sigiloso”, além de destacar que a Unidade da Embrapa em Campina Grande não tem conhecimento de outros casos de homofobia.