Vídeo: em ato, profissionais de imprensa são agredidos por apoiadores de Bolsonaro

Além do jornal O Estado de São Paulo, houve agressão e ofensa a equipes da Folha de S.Paulo, O Globo e site Poder360

Profissionais de imprensa foram agredidos em frente ao Palácio do Planalto neste domingo (3) enquanto cobriam o ato em apoio ao governo Jair Bolsonaro e com pautas antidemocráticas e inconstitucionais. A equipe do jornal O Estado de São Paulo foi atingida por chutes, murros, empurrões e rasteiras.

Bolsonaro participou do ato e cumprimentou apoiadores que defendiam pautas inconstitucionais e antidemocráticas, como pedidos de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar.

Em transmissão do protesto nas redes sociais, o presidente disse que tem “as Forças Armadas ao lado do povo” e que “não vai aceitar mais interferência”. Disse, ainda, que pede a “Deus que não tenhamos problemas nesta semana, porque chegamos no limite”. Ele não explicou o que pretende fazer para evitar tais interferências ou qual seria o “limite” citado.

Durante o ato, jornalistas de diversos veículos foram agredidos e hostilizados por participantes do protesto. Um motorista do “Estadão”, que dava apoio à equipe de reportagem, foi atingido por uma rasteira. O fotógrafo Dida Sampaio, do mesmo jornal, foi empurrado e sofreu chutes e murros.

Ao todo, um fotógrafo, dois jornalistas e o motorista do jornal foram hostilizados e agredidos, verbal ou fisicamente. Segundo o veículo, eles deixaram o local para uma área segura, buscaram a ajuda da Polícia Militar e passam bem.

Além do Estadão, houve agressão e ofensa a equipes da Folha de S.Paulo, do jornal O Globo e do site Poder360.

Reação

As agressões ocorreram neste domingo, 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Em nota, a Federação Nacional dos Jornalistas condenou o episódio. “Repudiamos todas elas e pedimos o apoio da sociedade ao jornalismo e aos jornalistas”, diz o texto.

“Esses atos violentos são mais graves porque não há, de parte do presidente ou de autoridades do governo, qualquer condenação a eles. Pelo contrário, é o próprio presidente e seus ministros que incitam as agressões contra a imprensa e seus profissionais”, afirmou a Associação Brasileira de Imprensa em comunicado.

Governadores, parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal repudiaram as agressões e reagiram às pautas antidemocráticas do protesto.

“É inaceitável, é inexplicável que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel de um profissional da imprensa é o papel que garante, a cada um de nós, poder ser livre”, disse a ministra do STF Cármen Lúcia.

“Jornalistas são agredidos, são assassinados, são o tempo todo mutilados nas suas funções, exatamente porque, ao oferecer as informações precisas que são necessárias para a informação de cada cidadão, para a responsabilidade da cidadania, para que cada um de nós possa ter acesso, a partir dessas informações, aos seus direitos e aos seus deveres.”

“A agressão a cada jornalista é agressão à liberdade de expressão e agressão à própria democracia. Isso precisa ficar bem claro e tem que ser claramente repudiado”, afirmou o ministro do STF Gilmar Mendes.

“As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade”, declarou o ministro Alexandre de Moraes.

“Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror. Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos”, publicou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O jornal O Estado de S. Paulo publicou o vídeo da agressão em seu canal no YouTube.

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