O vice-prefeito de João Pessoa e presidente estadual do PPS, Nonato Bandeira, disse que é, no mínimo estranho, o atual prefeito e candidato à reeleição Luciano Cartaxo (PSD) ter ganho praticamente todos os pedidos que fez ao juiz da propaganda eleitoral, enquanto que a candidata Cida Ramos (PSB) teve “o seu Guia mutilado, as inserções suspensas e nenhum direito de resposta concedido no Guia do opositor, mesmo apresentando provas documentais de que o prefeito está infringindo a lei”.
As perdas de espaços seguidos determinados pelo juiz da propaganda no Guia de Cida Ramos, candidata apoiada por Bandeira e pelo seu partido, ocorre, segundo ele, justamente no momento de maior crescimento nas pesquisas quanti e na oscilação negativa do atual prefeito. “Também nas pesquisas Quali que avaliam os Guias que tive acesso, os programas de Cida dão um banho nos de Cartaxo, considerados burocráticos e sem alma”.
Na avaliação do vice prefeito, que também é jornalista, a retirada das últimas inserções de Cida Ramos são totalmente absurdas e infundadas. “O que foi veiculado são declarações de viva voz do candidato a vice-prefeito Manoel Junior contra Luciano Cartaxo, acusando-o de desviar R$ 10 milhões das obras da Lagoa, de acordo como relatório da CGU e do Ministério Público Federal. Não houve trucagem nem transcrição das suas próprias palavras e, simplesmente, o juiz interpretou que Manoel fez a declaração quando ele ainda não era vice de Cartaxo. E daí? As palavras são reais e não voltam no tempo. Não cabe a ele decidir isso. Cabe ao eleitor julgar se houve incoerência ou se ele falou quando era opositor e isso seria natural na política”, afirmou.
O caso do nepotismo é outro dos absurdos apontados pelo atual vice-prefeito. “Cartaxo nomeou vários parentes para a Prefeitura, desrespeitando a lei do nepotismo. Inclusive sua própria irmã, que foi chamada por ele, depois de passar em 33 º lugar em um concurso feito por Luciano Agra, que só previa dez vagas. As provas foram apresentadas à justiça. Já Cartaxo acusou Cida Ramos de nomear a irmã para o Estado, sem prova nenhuma, pois ela não tem poder para nomear ninguém e sequer pediu para Ricardo nomear, pois descobriu-se depois que quem nomeou foi Cassio Cunha Lima, aliado de Cartaxo. Mesmo assim, o juiz da propaganda negou direito de resposta a Cida Ramos”.
A situação chegou a tal ponto, segundo Bandeira, que até a comparação do ritmo da atual gestão a uma lesma foi interpretado pelo juiz da propaganda como pejorativo. “Quer dizer que Manoel Junior ataca Cida Ramos e o governador Ricardo Coutinho, que nem candidato é, todos os dias nas inserções de Cartaxo e essas propagandas são mantidas e não se concede um único direito de resposta? Agora, comparar o ritmo da gestão a uma lesma não pode? Mas é isso que boa parte da população acha. O prefeito tem o seu Guia, bem maior do que o de Cida Ramos, para dizer o contrário e mostrar serviço”, definiu o vice-prefeito.
Decisão da justiça – Nonato Bandeira disse que desde quando exercia o jornalismo questionava esse dogma de que decisão da justiça não se discute, se cumpre. “Isso foi coisa que a Ditadura implantou de um modo geral para não ser questionada. Como ela também controlava o Judiciário, não se opor às decisões de seus magistrados era não confrontar-se também ao próprio regime de exceção.
“Estamos em uma democracia plena e decisão da justiça se cumpre, recorre- se e, se for o caso, também se discute. Ora, se até a decisão do ministro do Supremo Ricardo Lewandovsky em fatiar a votação na sessão do impeachment foi questionada, por que não podemos questionar as decisões que estão sendo tomadas pelo eminente juiz da propaganda, o senhor José Ramos Ferreira”, indaga Bandeira.
Sobre o fato de o juiz responsável pela propaganda ser o marido da deputada Daniela Ribeiro (PP), Nonato Bandeira disse que não entrava no mérito da questão, apesar de toda a Paraíba saber que a deputada faz oposição firme ao governado Ricardo Coutinho e que ela está participando ativamente da campanha do prefeito Luciano Cartaxo, cujo partido, o PP, integra a coligação situacionista e tem inúmeros cargos na Prefeitura de João Pessoa.
“Essa é uma decisão de foro íntimo de cada um. Não me cabe julgar. O que posso afirmar é que se minha esposa estivesse participando de um pleito eleitoral abraçando uma candidatura eu jamais me sentiria a vontade para atuar como magistrado nesse mesmo pleito. Mas cada um tem sua forma de pensar e creio que o ilustre juiz tem o claro discernimento de suas funções, até porque foi designado para esta tarefa pelos seus superiores”, disse Nonato Bandeira.