Veja como está a evolução da Covid-19 ao redor do mundo

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, informou que o continente está em um “cessar-fogo” da covid-19 que pode significar o fim da pandemia. Mas e no resto do mundo? o Brasil de Fato traz abaixo um panorama do avanço da doença nas diversas regiõe.

Em comunicado à imprensa na primeira semana de fevereiro, Kluge disse que o momento atual “deve ser visto como um ‘cessar-fogo’ que pode trazer uma ‘paz duradoura’”, graças à vacinação contra o vírus.

O contexto da imunidade conferida pelas vacinas “nos dá a possibilidade de conseguir um longo período de tranquilidade e um nível muito superior de defesa das populações contra qualquer novo aumento da transmissão, mesmo com uma variante mais virulenta [da doença]”, declarou.

“Por enquanto, o número de mortes em toda a Europa começa a estabilizar. Reitero o apelo que fiz na semana passada que, de fato, é plausível que a região esteja próxima ao fim da pandemia – não quer dizer que agora acabou tudo – mas destacar que na região europeia há uma oportunidade única de assumir o controle da transmissão.”

Em alguns países do continente, o relaxamento das medidas de segurança já pode ser visto desde a reabertura de bares e estabelecimentos noturnos até a remoção de exigência de máscaras.

Kluge reconheceu, no entanto, que o cenário europeu é mais animador do que em outras partes do mundo. Ele afirmou que é necessário “levar todos os países a um nível de proteção que lhes permita olhar para dias mais estáveis. Mas isso exige um aumento drástico e intransigente no compartilhamento de vacinas além das fronteiras. Não podemos continuar a aceitar a desigualdade de vacinas. As vacinas devem ser para todos”.

Na Europa, entre os países que se encontram em melhores condições e estão próximos à metade do pico já registrado da doença estão Espanha, França, Bélgica, Suíça, Itália, Finlândia, Inglaterra, Irlanda e Grécia. Já os países que estão perto do pico já registrado são Rússia, Ucrânia, Noruega, Alemanha, Áustria, Eslováquia e Romênia. As informações são da plataforma Reuters Covid-19 Tracker.

Ásia

Diferente da Europa, os continentes africano e asiático enfrentam um aumento de casos da doença. Na Ásia, alguns países estão passando pelo pico de infecções após as celebrações do Ano Novo Lunar, o maior feriado da China, que ocorre em 1º de fevereiro. “Esperamos que haja mais casos dentro de poucos dias. Consideramos isto como alguns efeitos após os eventos e grupos de feriados”, afirmou Edwin Tsui, do Centro de Proteção à Saúde da China, à imprensa.

Ao lado da China, outros países registram aumento do número de casos, como Singapura, Coreia do Sul, Japão e Indonésia, segundo a Reuters Covid-19 Tracker. Em 6 de janeiro, por exemplo, a Indonésia registrou 813 novos casos da doença. Um mês depois, na última segunda-feira (7), os números diários subiram para 15.558 casos, segundo a plataforma Our World in Data.

No entanto, até o momento, o número de casos no país não tem refletido no crescimento de internações. Diferente é a situação de Singapura. No dia 6 de janeiro, eram 158 pacientes hospitalizados. No dia 6 deste mês, o número diário subiu para 1.063 hospitalizações.

África

No continente africano, apenas dois países estão no pico da doença, Egito e Somália, seguidos pela Líbia, que está em 88% do pico já registrado anteriormente. Ainda assim, cientistas registram o crescimento no número de casos também em outros países, principalmente devido ao avanço da subvariante da ômicron, a BA.2.

Segundo Michelle Groome, do National Institute for Communicable Diseases, a BA.2 representou 23% das 450 amostras de janeiro sequenciadas pela rede de vigilância genômica da África do Sul. Em dezembro, este percentual estava em 4%.

“Estamos vendo este aumento com a BA.2, ainda estamos tentando obter mais informações sobre esta sub-linha em particular, e por isso estamos aumentando o sequenciamento das províncias onde estamos vendo aumentos (de casos) monitorando a proporção que é devida à BA.2”, disse Groome em entrevista coletiva. O ministro da Saúde sul-africano, Joe Phaahla, disse que ainda “não há um aumento preocupante das infecções”.

América Latina e América do Norte

Na América Latina, Brasil, Chile e Uruguai estão no pico da doença quando o assunto é o número de casos. O Brasil lidera o ranking dos países que relatam o maior número de novas infecções e mortes a cada dia, de acordo com a média móvel dos últimos sete dias.

Depois de cinco semanas seguidas registrando aumento no número de casos de covid-19, o Brasil identificou na semana passada, entre os dias 30 de janeiro e 5 de fevereiro, uma diminuição.

A redução, entretanto, ainda não refletiu na queda na quantidade de óbitos, que, apesar de ser expressivamente menor do que em outros momentos da pandemia, está na sexta semana epidemiológica de ascensão, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

No continente americano, os Estados Unidos registraram queda no número de infecções de 38% em relação à semana anterior. Todos os estados estão em queda, menos o Alabama. A média de mortes, porém, está 7% acima, o que coloca o país em uma situação diferente da dos países europeus.

O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que está começando a ver um aumento preocupante de mortes na maioria das regiões do mundo, e que é prematuro para qualquer país desistir das tentativas de interromper a transmissão.

É prematuro declarar vitória

Tedros disse a repórteres na última terça-feira (1º) que é “prematuro” declarar vitória em qualquer país. “Estamos preocupados que uma narrativa tenha se consolidado em alguns países que, por causa das vacinas, e devido à alta transmissibilidade e menor gravidade da ômicron, a prevenção da transmissão não é mais possível e não é mais necessária. Nada poderia estar mais longe da verdade”, disse.

“Mais transmissão significa mais mortes. Não estamos pedindo que nenhum país retorne ao chamado lockdown. Mas estamos pedindo a todos os países que protejam seu povo usando todas as ferramentas disponíveis, não apenas as vacinas”, afirmou o chefe da OMS.

A organização também defende o combate à desigualdade entre os países no acesso aos imunizantes contra a doença. Tedros Adhanom se reuniu recentemente com a chefe da Commonwealth – grupo com 54 nações independentes, incluindo países já desenvolvidos, emergentes e pequenos –, Patricia Scotland, para assinar um acordo visando o combate à desigualdade em matéria de vacinas.

À imprensa, Scotland lembrou que 32 dos 42 menores países do mundo fazem parte da Commonwealth. “O acesso equitativo às vacinas, especialmente para países pequenos e vulneráveis, é a mais urgente prioridade política, econômica, social e moral”, afirmou.

Do Brasil de Fato.