Vacina AstraZeneca: saiba sintomas, reações e possíveis efeitos colaterais

Anvisa alerta contra uso exagerado do paracetamol para alívio de dores e febre após a vacinação, e especialistas vetam uso de anti-inflamatórios

Doses of AstraZeneca's coronavirus disease (COVID-19) vaccine are seen, as Spain resumes vaccination with AstraZeneca shots after a temporary suspension, inside a COVID-19 vaccination centre at Wanda Metropolitano stadium, in Madrid, Spain, March 24, 2021. REUTERS/Sergio Perez

A vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, produzida no Brasil em parceria com a Fiocruz, tem apresentado reações – já previstas na bula – em parte dos vacinados.

Abaixo, nesta reportagem, confira respostas para 11 perguntas relacionados à aplicação do imunizante:

  1. Quais são os efeitos colaterais mais comuns da vacina AstraZeneca/Oxford?
  2. Quanto tempo após a injeção podem surgir os efeitos colaterais? Quanto tempo eles duram?
  3. Posso tomar remédio contra os efeitos colaterais? Algum não é recomendado?
  4. Devo tomar a vacina de AstraZeneca/Oxford se estiver grávida?
  5. Qual é o risco de trombose após tomar a vacina?
  6. Se eu já tive trombose antes, tenho maior risco de ter depois da vacina?
  7. Como saber se um sintoma é alerta de trombose?
  8. Existe alguma maneira de prevenir a trombose pós-vacina?
  9. Se eu já tomo remédios anticoagulantes, tenho risco menor de ter trombose pós-vacina?
  10. A probabilidade maior de trombose é após a primeira ou a segunda dose?
  11. Por que os casos de trombose só ocorreram com vacinas de vetor viral?

Veja as respostas abaixo:

1. Quais são os efeitos colaterais mais comuns da vacina?

De acordo com os dados reunidos nos estudos clínicos de fase 3, os efeitos colaterais mais comuns associados à vacina foram:

  1. Sensibilidade no local da injeção (relatada por mais de 60% dos voluntários);
  2. Dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga (relatadas por mais de 50% dos voluntários);
  3. Dor no corpo e mal-estar (relatadas por mais de 40% dos voluntários);
  4. Febre e calafrios (relatados por mais de 30% dos voluntários);
  5. Dor nas articulações e náusea (relatadas por mais de 20% dos voluntários).

A maioria das reações adversas foi de intensidade leve a moderada e normalmente resolvida poucos dias após a vacinação. As reações adversas foram mais frequentes após a primeira dose da vacina.

Um efeito colateral incomum é o inchaço das glândulas na axila ou no pescoço, no mesmo lado do braço onde foi aplicada a vacina. Isso pode durar cerca de 10 dias, mas, se durar mais, consulte seu médico.

As reações adversas foram geralmente mais leves e relatadas de forma menos frequente em idosos (com 65 anos de idade ou mais).

2. Quanto tempo após a injeção podem surgir os efeitos colaterais? Quanto tempo duram?

Os efeitos colaterais normalmente aparecem em um período de até 2 dias após a vacinação, e costumam durar por, no máximo, dois dias.

Se novos sintomas aparecerem a partir do 4º dia depois da vacinação, procure um médico.

3. Posso tomar remédio contra os efeitos colaterais? Algum não é recomendado?

Sim, você pode tomar remédios para os efeitos colaterais – de preferência dipirona ou paracetamol.

“Os medicamentos mais recomendados para reações à vacina são paracetamol e dipirona. Algumas pessoas têm sensibilidade à dipirona, não conseguem tomar, então elas devem ficar com o paracetamol”, explica a farmacêutica e bioquímica Laura Marise, doutora pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e cofundadora do canal “Nunca vi 1 Cientista”, na rede social “YouTube”.
Mas atenção: em 27 de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou para os riscos do uso indiscriminado de paracetamol para os efeitos colaterais da vacina de Oxford.

A agência recomendou que “o uso do medicamento deve ser feito com cautela, sempre observando a dose máxima diária e o intervalo entre as doses, conforme as recomendações contidas na bula, para cada faixa etária”. Em adultos, por exemplo, a dose máxima de paracetamol é de 4g/dia.

Já anti-inflamatórios – como aspirina, diclofenaco ou ibuprofeno – não são recomendados, explica Laura Marise.

“No início de uma infecção ou no desenvolvimento da imunidade contra a vacina, a gente precisa que o processo inflamatório aconteça, porque é o processo inflamatório que vai desencadear toda a resposta imunológica nesse caso”, diz a farmacêutica Laura Marise.

Mas calma: se você já tomou um comprimido de ibuprofeno, é provável que o remédio não vá comprometer os efeitos da vacina.

“O maior problema, nesse caso, para evitar, é uma questão recorrente, de ter que tomar vários comprimidos, porque fica vários dias com dor no corpo e febre – nesse caso, se tiver que tomar mais vezes, é melhor realmente evitar todos os anti-inflamatórios de forma geral”, recomenda a farmacêutica.