Usina Cultural expõe trabalhos de quatro artistas plásticos a partir de sábado

Beleza e vigor podem resumir os trabalhos dos quatro artistas que compõem a terceira coletiva promovida pela Usina Cultural Energisa, que tem seu vernissage deste sábado (7), a partir das 20h. Em Coletiva 3’’, é possível conferir obras dos artistas Américo Gomes, Carlos Nunes, Thayroni Arruda e Zello Visconti, permanecendo em cartaz até o dia 6 de março. A visitação é de terça a domingo, das 14h às 20h.

Os quatro se distinguem por seguirem linhas artísticas diferenciadas, mas que encontram consonância em alguns detalhes. “Ao elaborarmos uma exposição coletiva, procuramos encontrar semelhanças e contrastes, pois todos eles acabam dividindo o mesmo espaço, então é preciso encontrar coesão na hora de dispor as obras”, explica.

Enquanto Américo dialoga com ilustrações e charges, Thayroni mergulha na arte de rua, levando-a para dentro da galeria de arte. Ambos realizam intervenções com graffiti nas paredes da própria exposição. “São artistas novos, mas que já apresentam uma personalidade muito bem definida”, afirma Dyógenes.

Formado em artes visuais pela UFPB, Américo Gomes traz uma série de obras compostas por telas em aguadas de nanquim sobre papel, material que vem sendo produzido desde 2011. Brincando com a linguagem visual, o artista afirma que se inspira “na ilustração, no cartum, na charge e no humor característico dessas obras”. Em sua opinião, a arte contemporânea às vezes é embebida de uma necessidade de sempre demonstrar profundidade conceitual, algo que nem sempre é necessário.

Com pelo menos vinte peças, Thayroni Arruda traz, em sua maioria, obras híbridas, com materiais pouco usuais. “Ao invés de telas, eu reutilizo portas e janelas de madeira como suporte para o meu trabalho. Optei por isso devido à minha formação artística, que vem do graffiti e da arte urbana”, pontua o artista.

A relação com a “arte dos muros” começou ainda na infância, no Recife, quando teve o primeiro contato com a cultura urbana. Voltando à sua terra natal, Campina Grande, passou a ser um dos pioneiros da street art na cidade, trabalhando com o tema desde 1994.

Radicado na Paraíba, o artista plástico Carlos Nunes veio diretamente de Petrolina. Sua especialidade é o retrato, processo desenvolvido de maneira autodidata. Começou sua carreira profissional como arte-finalista em empresas de confecção de moda, sendo a mente criativa por trás das estampas para camisetas.

Como artista plástico vem atuando há seis anos em exposições, mantendo um ateliê em Cabedelo. “Acho que, além de ser um exímio retratista, com um traço marcante, a principal força do seu trabalho é o fato de desenhar personagens anônimos, como os idosos do retiro do Amém, ciganos da cidade de Sousa, dando protagonismo a quem não tem voz”, pontua Dyógenes Chaves.

O “paraiboca” Zéllo Visconti, como o próprio se define, veio para nosso estado quando teve uma obra comprada por um paraibano, que o convidou a conhecer João Pessoa. Agora, há três anos radicado na cidade, se dedica a frequentar exposições, visitar ateliês e conhecer novos artistas. “Estou honrado de dividir espaço com três artistas tão jovens, mas, ao mesmo tempo, tão talentosos”, declara.

Para a coletiva, ele traz a série Estripulias, onde usa materiais como guardanapos, recortes de jornais e revistas, tecidos, tudo para criar peças que procuram exprimir brasilidade. “Tenho uma proposta de uma escola estética estrangeira, que é a pop arte, mas trago isso com uma leitura latina e brasileira. Costumo dizer que tenho uma proposta tropicalista, fazendo referência a figuras nossas, como Chacrinha, Carmem Miranda, o futebol e as tradições indígenas”, salienta.

O curador Dyógenes Chaves acredita que a exposição denota algo impressionante a respeito da arte desenvolvida na Paraíba. “É difícil encontrar um local que nos proporcione artistas tão diferentes e de tamanha qualidade. Somente nesta coletiva, temos Américo e Thayroni, que mesmo tendo suas aproximações com a street art, trilham caminhos distintos; Carlos, com seus retratos que fogem do convencional; e Zello, com uma obra extremamente pop. A Paraíba não tem um pai, uma matriz artista, mas sim várias, com personalidade e identidade fortes”, avalia Chaves.

Com informações de André Luiz Maia – Jornal Correio da Paraíba