Um quinto das famílias brasileiras já usa lenha ou carvão para cozinhar. São 14 milhões de lares preparando alimentos dessa forma, alta de 27% ou mais 3 milhões de domicílios nos últimos dois anos. No Sudeste a expansão foi maior, de 60%. Os dados são da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE.
O aumento do desemprego e a alta no preço do botijão de gás explicam esse salto. Entre 2016 e 2018, período contemplado pelo levantamento, o gás de cozinha acumulou alta de 24% e a taxa média de desemprego passou de 11,5% para 12,3%.
O Nordeste concentra 35% ou 4,8 milhões dos lares que fazem uso de lenha ou carvão. No Sudeste, onde o salto foi o maior entre todas as regiões, no ano passado havia 2,9 milhões de famílias preparando alimentos dessa forma.
A pesquisa também mostra que a crise prolongada reduziu a parcela de famílias com casa própria. Elas correspondiam a 74,4% do total em 2016 e, no ano passado, caíram para 72,6%. Mais famílias passaram a viver em imóveis alugados ou de favor.
Esse grupo passou de 17,7 milhões de lares em 2016 para 19,3 milhões no ano passado, alta de 9% ou mais 800 mil famílias vivendo em imóveis cedidos e outras 800 mil de aluguel.
Em 2018 o número de lares brasileiros chegou a 71 milhões, alta de 1,5 milhão em relação ao ano anterior. Mais famílias passaram a viver em apartamentos, crescimento de 7,1% em relação a 2017. A analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy, no entanto, disse que esse crescimento não representa necessariamente um boom de novas construções:
“No ano passado, tivemos uma retomada do setor imobiliário, que possuía muitos imóveis já prontos, mas ainda fechados ou desocupados. Houve toda uma mobilização para tentar impulsionar a venda de imóveis ao longo de 2018. As construtoras baratearam empreendimentos e o governo também atuou com políticas de crédito, inclusive melhorando as condições de financiamento da Caixa. O resultado da pesquisa não significa, necessariamente, que muitos novos imóveis foram construídos. Acreditamos que o aumento no número de apartamentos se deve a esses imóveis que antes estavam vagos e agora foram ocupados.” Informações de O Globo.