Plano de mobilidade urbana deve colocar em primeiro lugar as pessoas, diz Charliton

De acordo com dados do Ministério das Cidades, de 2015, a frota de carros em João Pessoa alcançou a marca de 189.617. Somando a quantidade de veículos que transitam pela cidade, calçadas sem padronização, a negligência com o transporte público e a falta de um projeto de Mobilidade Urbana, o resultado são pessoas com dificuldades de andar pela cidade, ônibus coletivos lotados e congestionamentos diários.

Para o Professor Charliton, candidato a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores, o problema da Mobilidade Urbana é algo que já existe há pelo menos trinta anos: “Esse nunca foi um assunto de interesse dos que passaram pela Prefeitura de João Pessoa. Os gestores que assumiram a administração municipal mantiveram o pensamento de uma João Pessoa provinciana, da década de 50. Não enxergaram esse grande problema que atinge a nossa população, e passa pelo pedestre, pelo ciclista, pelo usuário do transporte público e particular”.

Na análise do Professor Charliton, um Plano de Mobilidade deve ser construído em conjunto com a sociedade, seguindo a política de mobilidade definida pelos governos Lula e Dilma, a mesma que avançou em outras cidades brasileiras: “Nessa política implantada pelo governo do PT, em primeiro lugar estão as pessoas que andam a pé, os ciclistas, em seguida o transporte coletivo e por último o transporte individual. A prioridade não podem ser os carros, e sim as pessoas”.

“Pensar a Mobilidade Urbana é primeiramente focar no cidadão, naquele que sai de casa e precisa andar por calçadas padronizadas, ter acesso ao transporte coletivo, e condições mínimas de circular pela cidade. Aqui destaco as pessoas com deficiência, os idosos e as crianças, que atualmente são impedidos de andar por João Pessoa”, destacou.

Dentro de um plano de Mobilidade Urbana, o candidato do PT colocou a importância das ciclovias e do transporte público: “Em trinta anos não foram construídos em João Pessoa 3 km de ciclovias, e isso é um absurdo. Entendemos que a nossa cidade precisa ser integrada através de ciclovias, e para isso são necessários 80 km de vias feitas especialmente para esse tipo de meio de transporte, que além de ser um tipo de lazer e esporte, é a forma como muitos trabalhadores se deslocam pela cidade. Não queremos ciclovias ou ciclofaixas só nos finais de semana, queremos que o ciclista possa andar por toda a cidade, com segurança, todos os dias”.

No caso do transporte público urbano, o Professor Charliton ressaltou que “não é possível imaginar uma gestão que fecha os olhos para as concessões públicas do transporte coletivo”: “Essas empresas, que podem ter as suas concessões revistas, estão prestando um serviço para a sociedade, porém, sobre esse serviço a Prefeitura não se interessa em fazer nenhum tipo de avaliação. Falta transparência para que possamos entender o valor cobrado, faltam explicações coerentes sobre a disposição de poucas linhas de ônibus nos bairros que mais precisam, e ainda temos a questão da implantação da dupla função, o péssimo atendimento as pessoas com deficiência e a falta de segurança”.

“A prefeitura tenta justificar o injustificável, e fazer ações paliativas que só pioram a vida do cidadão e da cidadã que depende desse tipo de transporte. Algo que poderia funcionar muito bem, mas não funciona, são os pontos de integração. A população fica presa por grades, com uma cobertura que muitas vezes não protege de nada, com poucos bancos e só. Aqueles poderiam ser espaços para a implantação de diversas polícias públicas sociais, e juntamente com isso uma estrutura física adequada: banheiros limpos, bancos suficientes e uma cobertura adequada para o sol e para a chuva”, disse.

O Professor Charliton lembrou que a situação de quem usa o transporte público poderia ser muito diferente se a prefeitura tivesse implantado o BRT, porém, segundo o próprio secretário Carlos Batinga, os investimentos federais voltaram para Brasília por falta de um projeto da gestão municipal: “O BRT era um desses grandes projetos que estavam no Programa de 2012, e que foi negligenciado pelo prefeito Cartaxo”.

“No quarto ano da atual gestão a cidade ainda não tem um Plano de Mobilidade Urbana, e por isso não teve a capacidade de arregimentar recursos que estavam disponíveis por meio do PAC da Mobilidade Urbana. As soluções aparecem em maquetes ou ações paliativas que não resolvem, e até pioram a situação. A atual gestão foi a que menos calçou ruas na nossa cidade. Agora, o prefeito diz que vai implantar o projeto do BRT. Será que essa não é mais uma promessa como foi a construção das pontes sobre o Rio Jaguaribe e o acesso aos bairros de Mangabeira e Valentina que nunca saíram do papel?”, questionou.