Um dia após invasão, Ucrânia relata chegada de forças russas a Kiev

Destroços em prédio residencial em subúrbio de Kiev. 25/02/2022 Daniel Leal/AFP

Mísseis atingiram Kiev nesta sexta-feira, 25, conforme forças russas tentam avançar em direção à capital da Ucrânia. Sirenes tocaram para alertar os três milhões de habitantes, e alguns deles se abrigaram em estações de metrô, um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, ordenar um ataque pela terra, mar e ar concretizando os temores do Ocidente com o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a II Guerra Mundial.

De acordo com o Exército ucraniano, tanques russos avançam em direção à capital a partir das regiões próximas à antiga usina nuclear de Chernobyl, na cidade de Ivankiv, tomada na quinta-feira por tropas de Moscou. De acordo com uma autoridade ucraniana, que falou à agência de notícias Reuters, tropas defendem posições em quatro frentes diferentes, apesar de estarem em número menor.

Ivankiv fica a 80 quilômetros da capital ucraniana e, caso para ultrapassada, tropas russas poderão continuar o avanço em kiev pela cidade de Vyshgorod, localizada às margens do rio Dniepre.

“Tanques russos estão avançando na direção de Kiev, mas uma batalha eclodiu nas proximidades de Ivankiv. Como forças ucranianas explodiram uma ponte para parar a coluna russa”, afirmou o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, segundo a agência de notícias Unian.

Em nota, o Ministério da Defesa também relatou combates em Obolon, um bairro a cerca de 9 quilômetros ao norte do Parlamento ucraniano, no centro da capital. Segundo a pasta, os combates foram parte de uma operação de sabotagem das forças russas, e pediu para civis pegarem em armas, relataram movimentações e atirarem coquetéis molotov.

De acordo com autoridades ucranianas, cerca de 18.000 armas com munição foram distribuídas a reservistas apenas na região de Kiev desde quinta-feira, após o presidente Volodymyr Zelensky ordenar uma mobilização militar geral, que inclui a proibição de todos os homens de 18 a 60 anos deixando o país.

Para autoridades da inteligência dos Estados Unidos, ouvidas pela rede CNN, Kiev pode ser tomada pela Rússia ‘dentro dos dias’, já que tropas russas já estão a menos de 30 quilômetros de distância. Segundo as fontes, avaliações iniciais indicavam que, antes da invasão, a capital poderia ser tomada dentro de um a quatro dias de ataques russos.

De acordo com o Ministério do Interior ucraniano, foram registrados bombardeios da Rússia em 33 locais em apenas 24 horas.

“Os russos dizem que não estão atacando civis, mas 33 locais civis foram atingidos nas últimas 24 horas”, disse Vadym Denysenko à agência de notícias Reuters.

Pouco antes do amanhecer, explosões foram vistas no céu, à medida que a Rússia mirava a capital com ataques de mísseis. Uma equipe da CNN relatou ter ouvido duas grandes explosões na região central de Kiev e uma terceira explosão mais distante, seguida por menos três explosões a mais poucas horas depois.

Na manhã desta sexta-feira, um caça ucraniano Sukhoi Su-27 foi derrubado na capital. Em fotografias publicadas pelos serviços de emergência ucranianos, é possível ver o que parece ser um incêndio em uma casa de dois andares após um avião cair sobre ela, mas é incerto se são os destroços do caça abatido.

Na quinta-feira, primeiro dia da invasão, tropas russas já foram cruzadas no ponto de fronteira de Vilcha, na região de Kiev, a 50 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia. Pouco depois tomaram o aeródromo de Hostomel, a 35 quilômetros da capital, onde chegaram com 200 paraquedistas, segundo o Exército, mas as Forças Armadas ucranianas conseguiram retomar o controle.

Em pronunciamento à nação, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que “defensores do país” frustraram os planos no primeiro dia da invasão russa.

“Nossos meninos e meninas, todos os defensores da Ucrânia não permitiram que o inimigo realizasse o plano operacional da invasão no primeiro dia”, disse o chefe de Estado, ressaltando que na maioria das direções o avanço das tropas russas foi interrompido, mas combates ainda prosseguem.

Mais cedo, na quinta-feira, ele já apagou baixas entre os dois lados, citando falas de autoridades militares de que ao menos cinquenta combatentes russos foram mortos na região de Luhansk. Entre os ucranianos, ao menos 137 pessoas morreram e 316 ficaram feridas após ataques, de acordo dados preliminares apresentados por Zelensky.

Da Veja