Um ano após impeachment, Dilma diz preferir Alckmin a Doria ou Bolsonaro

Um ano após ser afastada definitivamente da presidência da República, Dilma Rousseff concedeu entrevistas ao jornal Folha de S. Paulo e ao programa da jornalista Mariana Godoy, na RedeTV!. Ela afirmou que “o país preferia um candidato do perfil do Alckmin” do que um político de extrema-direita como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ou um que não tem nenhum compromisso com o país como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), na disputa presidencial de 2018.

Dilma disse não ver “consistência na candidatura” de Doria e a “dissolução do PSDB como proposta de centro-direita” foi um dos resultados do seu impeachment. Com isso, os nomes de Bolsonaro e Doria emergiram no cenário. “Eu preferia o Alckmin ao Doria e ao Bolsonaro. Acho que o país preferia um candidato do perfil do Alckmin.”

Ela disse ainda que Lula vai participar das eleições e desconversou sobre a possibilidade do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ser o plano B do PT para 2018. Dilma disse ver a ausência de Marina Silva no cenário político como fator que a inviabiliza como uma terceira via para as eleições presidenciais, e que o ambiente é propício para o surgimento de um “salvador da pátria”. “Quando as demandas da população não encontram receptividade, o governo e a política passam a ser irrelevantes. Você cria ambiente para um salvador da pátria, no pior sentido”, afirmou a ex-presidente.

“Fadinha da expectativa”

Ao avaliar um ano de sua saída definitiva, Dilma afirmou que “não mediram as consequências” de seu impeachment e que a discussão à época, sob a justificativa da crise econômica e de que sua saída traria uma rápida recuperação da economia e da confiança dos investidores estrangeiros no país era “primária”. “Qual era a versão? Me tira, e a fadinha da expectativa trará o investimento estrangeiro de volta. A crise de confiança desaparecerá. Era uma discussão primária, com aquele pato amarelo na rua. Isso mostra a pouca seriedade do processo.”

Lava Jato

Na entrevista que deu à RedeTV, questionada sobre os problemas da Operação Lava Jato, Dilma apontou vazamentos seletivos de fatos que não conseguem ser provados como um problema gravíssimo que “contamina e destrói a Lava Jato por dentro”.

Dilma também criticou a “politização do Judiciário” e a gravação e divulgação de sua conversa com o ex-presidente Lula sem autorização do STF seria, em qualquer outro país, inadmissível. Ela ainda disse que atualmente, os Três Poderes brigam entre si e não há estabilidade institucional.

“Preço alto” de Cunha

Dilma disse que uma das medidas negociadas entre o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba, e seus pares para diminuir críticas e elegê-lo à presidência da Câmara, em 2015, foi não deixar nenhum projeto de regulamentação da mídia passar. “Nós fomos contra a eleição dele colocando outro candidato. Seria mais fácil ter apoiado ele, mas o preço de apoiar ele é muito alto. Tem gente que paga. E o preço foi esse, não deixar o projeto do governo federal sobre regulação da mídia entrasse, fosse objeto de avaliação dos deputados federais no plenário”.