UFPB realiza evento sobre clima com foco em infraestrutura verde-cinza

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UFPB realiza evento sobre clima com foco em infraestrutura verde-cinza
Foto: Divulgação
Adaptação climática justa na cidade de João Pessoa e infraestrutura verde-cinza: estes serão os principais temas discutidos no Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas, evento que acontece no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Capital paraibana, entre os dias dois e seis de junho.
A iniciativa visa aproximar estudantes universitários dos debates sobre adaptação climática, destacando os sistemas de adaptação baseada em ecossistemas como melhor forma de tornar territórios resilientes aos impactos climáticos, com foco especial na capacitação sobre infraestruturas verde e cinza em contextos urbanos.
O Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas é direcionado especialmente aos estudantes da UFPB dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental e áreas afins. Trata-se de um workshop aberto a discentes de todos os períodos que tenham interesse em urbanismo, sustentabilidade, resiliência e justiça climática.
Além de estudantes, a iniciativa reúne professores, especialistas e representantes comunitários em torno de um objetivo comum: imaginar e propor soluções concretas de adaptação às mudanças climáticas, baseadas na natureza e enraizadas no território. As atividades serão distribuídas entre o Centro de  Tecnologia (CT), no Campus I da UFPB ( Bloco Mútimídia / Pilotis – Térreo do Bolo de Noiva) e espaços urbanos de João Pessoa selecionados para estudo de caso.
A oficina é promovida por meio de uma parceria entre o Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba com a Comunidade Global de Práticas em Infraestrutura Verde-Cinza (G3CoP), da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil). Nesta edição do ateliê, a parceria com a CI-Brasil fortalece a iniciativa ao integrar discussões sobre infraestrutura verde-cinza e adaptação climática justa na capital paraibana. Assim, o evento foca nos desafios das mudanças climáticas, incorporando uma abordagem interdisciplinar e promovendo reflexões críticas sobre práticas pedagógicas no ensino superior.
De acordo com a arquiteta e coordenadora da Comunidade de Prática em Infraestrutura Verde-Cinza da CI-Brasil, Alice Piva, o ateliê se propõe a ser um espaço de aprendizagem e capacitação, buscando aprofundar o entendimento dos estudantes acerca dos conceitos de Infraestrutura Verde-Cinza e Adaptação Climática Justa, estimulando estes alunos a investigar futuros climáticos positivos para o território de estudo.
Segundo a coordenadora, o ateliê é uma proposta prática, interdisciplinar e colaborativa que oferece aos participantes a chance de se aprofundar em conceitos e técnicas inovadoras para enfrentar os desafios urbanos e ambientais da atualidade. “Além de reflexões, o evento oferece uma introdução técnica ao projeto desse tipo de infraestrutura e oportunidade para explorar a criação de soluções reais para territórios de João Pessoa”, explicou.
Desde o ano de 2023, o Centro de Tecnologia da instituição tem promovido atividades de imersão projetual colaborativas, reunindo estudantes de diversos períodos e cursos para explorar temas relevantes por meio de enunciados projetuais abertos, estimulando a experimentação e a autonomia estudantil. Sobre isso, a professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPB (DAU-UFPB) e idealizadora do Ateliê, Carolina Oukawa conta que este ateliê interdisciplinar de projetos dá continuidade ao ateliê vertical, experimento pedagógico realizado semestralmente no DAU há dois anos. Ela acrescenta que o Ateliê acontece na semana anterior ao início do semestre letivo 2025.1, incluindo pela primeira vez os cursos de Engenharia Civil e Ambiental – também situados no CT –  em torno do tema “Mudanças climáticas”.
A professora explica que a atual edição do workshop faz parte de um edital do Programa de Apoio a Experiências Interdisciplinares Desenvolvidas Para Melhoria da Qualidade do Ensino de Graduação (Qualigrad). O Qualigrad é um programa de financiamento assessorado pela Pró-reitoria de Graduação (PRG) da UFPB que, entre outros objetivos, visa apoiar o desenvolvimento de atividades previstas nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) e  incentivar a adoção de experiências interdisciplinares.
“O ateliê é um projeto que nasceu em 2023 e o edital foi uma oportunidade interessante de reunir vários professores interessados. E isso está relacionado com o caráter experimental desse ateliê que é o mais importante. A partir desse tema das mudanças climáticas, vamos propor uma  reflexão entre os alunos com a produção de textos. O ateliê de mudanças climáticas terá um  apelo social muito importante”, comentou Carolina Oukawa.
Além da arquiteta e urbanista Alice Piva, o ateliê contará ainda com a participação do corpo docente dos departamentos de Arquitetura e Urbanismo e Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA) e terá o apoio da monitoria de alunos de pós-graduação e de egressos dos cursos envolvidos, que, desde as edições do ateliê vertical, contribuem para a discussão e dão suporte à produção de publicações de registro do processo.
As inscrições podem ser realizadas pelo SIGAA-UFPB, através do link https://sigeventos.ufpb.br/eventos/public/evento/atelie_2025.1, site onde também está disponível a programação completa da iniciativa. Todos os participantes que cumprirem a carga horária receberão certificado de 40 horas.

Comunidade São Rafael é destaque do evento

Este ciclo do Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas é direcionado à Comunidade São Rafael, localizada às margens do Rio Jaguaribe, em João Pessoa, entre a UFPB e o Centro da cidade, na baixada da Avenida Pedro II,  e próxima ao Jardim Botânico e à Mata do Buraquinho (maior reserva de Mata Atlântica em área urbana do Brasil). Trata-se de um território de intensa articulação comunitária, com iniciativas em economia solidária, energia renovável e comunicação local reconhecidas nacionalmente.
De acordo com Alice Piva, o ateliê propõe um espaço de escuta e discussão sobre os riscos climáticos aos quais o território está sujeito, permitindo aos alunos elaborar propostas de maneiras socioambientalmente justas de adaptação climática. A proposta da oficina, portanto, é criar um espaço de escuta e co-criação com a comunidade, pensando junto sobre alternativas de futuro para a São Rafael que conduzam essa mitigação do risco climático da melhor forma. “Buscamos estimular a criação de olhares técnicos, sensíveis e coletivos sobre o que significa adaptação climática justa nesse contexto”, afirmou a coordenadora.

Infraestrutura verde-cinza

A infraestrutura “verde-cinza” é um sistema híbrido que combina as propriedades de ecossistemas naturais (como manguezais, recifes de corais, florestas tropicais urbanas) de resistirem aos impactos de eventos climáticos extremos com estruturas convencionais da engenharia (como canais de drenagem, muros de contenção ou sistemas de saneamento).
Essa união entre a conservação e a restauração da natureza com abordagens convencionais da engenharia permite fortalecer as comunidades contra os efeitos climáticos, ao mesmo tempo em que trazem diversos benefícios naturais como  água doce, ar puro e proteção costeira. Ao contar com barreiras costeiras naturais ( como manguezais e ervas marinhas) e outras construídas pelo homem (como barragens de concreto e paredões), o Estado da Paraíba se torna um espaço de debate sobre infraestruturas verde e cinza.
“Na Paraíba — especialmente em João Pessoa — esse tipo de infraestrutura é essencial para enfrentar riscos como inundações, erosão costeira e ilhas de calor, ao mesmo tempo que promove a restauração de ecossistemas urbanos, economia para o orçamento público e bem-estar para a população”, esclareceu a coordenadora Alice Piva.
A partir deste cenário, ela reforça que durante cinco dias, os participantes do Ateliê serão conscientizados  sobre o significado e a importância das infraestruturas verdes-cinza, mas principalmente acerca da adaptação aos impactos crescentes da crise climática (especialmente para as áreas costeiras que enfrentam a elevação do nível do mar e tempestades mais fortes)  e as mudanças na infraestrutura que podem ser realizadas considerando este contexto.

Sobre a Conservação Internacional

A Conservação Internacional (CI-Brasil) é uma organização não governamental que promove o uso sustentável dos recursos naturais para o bem-estar humano. A entidade visa a proteção da  biodiversidade da Terra, áreas selvagens ou regiões marinhas de alta biodiversidade ao redor do globo e  também é conhecida por suas parcerias locais com ONGs e povos indígenas.
A CI-Brasil  utiliza ciência, políticas e parcerias para conservar ecossistemas críticos que fornecem alimentos e água, sustentam economias e regulam o clima. Com uma equipe multidisciplinar composta por especialistas de diferentes áreas como biologia, geografia, engenharia florestal, economia, povos indígenas, oceanografia, entre outras, a organização trabalha para demonstrar que as pessoas precisam da natureza para prosperar e que ela é parte importante da solução para os desafios globais.
A CI-Brasil tem por objetivo incentivar e apoiar a conservação do meio ambiente e de atividades de desenvolvimento sustentável, promover a educação ambiental, o bem-estar humano, a assistência social e a cultura. Seus colaboradores atuam na conservação de áreas prioritárias na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Oceano.
O  Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas é parte da Global Green-Gray Community of Practice (Comunidade Global de Prática em Infraestruturas Verde-Cinza), projeto da Conservação Internacional que visa ampliar o uso de soluções híbridas de adaptação climática, que unem regeneração de ecossistemas e engenharia, promovendo justiça ambiental e resiliência.

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