São 72 horas que já se passaram desde que quatro estudantes se instalaram em frente à reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), para iniciar uma greve de fome. Os estudantes presos por algemas à entrada do prédio estão apenas à base de água mineral, água de coco e soro. Na manhã desta quinta-feira (25) receberam atendimento por médicos do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), mas ainda aguardam o atendimento, e o diálogo com a reitoria.
A estudante de Ciência Sociais, Geissi Reis, que apoia o movimento dos grevistas, afirmou que a greve de fome só chegará ao fim quando as reivindicações forem atendidas pela reitoria, e que em mais uma tentativa de achar um caminho para o diálogo, os estudantes exigiram à Associação dos Docentes da UFPB (Adufpb) uma solicitação institucional de uma reunião com a reitoria, pois este é o único órgão que poderia fazer este procedimento.
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“Nós estamos tentando agora junto com a Adufpb, que irá entrar institucionalmente para pedir uma reunião com a reitora. Nós iremos aumentar o movimento inclusive para fora da Universidade. Faremos uma campanha para buscar mais apoio dos alunos, não para ocupar a reitoria, mas a frente dela. Nós iremos nos reunir para encontrar a melhor forma de fazer isto”, afirmou Geissi.
O vice-reitor Eduardo Rabenhorst fez uma visita aos estudantes que estão em greve de fome por não terem sido contemplados com o auxílio-moradia, um recurso de R$ 550 pago mensalmente pela universidade para ajudar alunos de baixa renda a se manter em João Pessoa.
De acordo com os estudantes, Rabenhorst pediu honestidade e afirmou que a reitoria estaria tão frágil quanto eles. Apesar de assumir a fragilidade, o vice-reitor não levou nenhuma solução para os estudantes.
O Paraíba Já tentou por diversas vezes tentar falar com a reitora Margareth Diniz e com o vice-reitor, porém a telefonista passava as ligações para os ramais e não fomos atendidos. Em umas das tentativas a secretária do vice-reitor repassou a informação de que ele não falaria sobre o caso.
Os estudantes também reclamam da falta de assistência do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFPB) , porém o coordenador geral Iago Sarinho afirmou reconhecer que a pauta dos estudantes é legítima e reconheceu a deficiência da reitoria com diálogo.
“Existe toda uma questão política envolvida, o DCE é um grupo e tem estudante que não o reconhece como entidade representativa estudantil, mas a pauta é de todos nós”, explicou Iago Sarinho.
O DCE ainda postou uma nota de repúdio ao descaso da reitoria com os estudantes, no Facebook.
Leia a nota na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO AO DESCASO COM A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UFPB
A UFPB possui mais 40.000 estudantes, muitos destes vieram de outras cidades em virtude do SISU (Sistema de Seleção Unificada), deixando suas famílias na esperança de ter uma oportunidade de estudar, mas chegando na UFPB encontram uma universidade extremamente precarizada e que não prioriza a Assistência Estudantil.
A UFPB lançou um edital de auxílio moradia referente ao semestre 2015.1, este teve 600 alunos inscritos, porém apenas 150 estudantes depois de cerca de uma ano de espera pelo resultado, conseguiram esse benefício.
Diante disso, por volta das 8h da manhã, do dia 23 de fevereiro de 2015 ( Terça-Feira), três estudantes se acorrentaram às barras de aço em frente à reitoria como uma forma de reinvidicar melhorias na assistência estudantil e deixar claro que a situação na UFPB está insustentável. Porém mesmo diante da condição até mesmo de risco de vida, até o presente momento passadas mais de 30 horas que esses estudantes estão em greve de fome, os mesmos ainda não foram atendidos ou em nenhuma de suas reivindicações, também sem nenhum tipo de negociação efetiva por parte da PRAPE/Reitoria.
No mesmo dia, na unidade de Rio Tinto no campus IV, estudantes por volta das 5H30min impediram a saída do carro de alimentos que levaria a comida produzida no restaurante universitário do campus IV ao restaurante universitário do campus I. Como uma forma de lutar contra a insalubridade e descaso que ocorre durante a produção de comida no R.U. A comida destinada ao campus I é produzida em Rio Tinto e transportada por cerca de 70km até chegar ao Campus I em caminhões sem refrigeração, além das condições de higiene e controle de qualidade inadequadas. Algumas das pautas reivindicadas pelos/as estudantes do campus IV são: Que todos os relatórios emitidos pela nutricionista responsável da UFPB sobre os acontecimentos no RU do campus IV sejam atendidos prontamente e executados pelos responsáveis, no caso a empresa atuante JMarinho sob a supervisão da PRAPE/Reitoria e Gestão dos RUs; A higienização adequada do RU, que hoje se encontra em situação de calamidade; A abertura imediata da cozinha do Restaurante Universitário de João Pessoa, Campus I; Um responsável da PRAPE para resolver imediatamente a situação das residências Universitárias RT/MME que encontran-se ocupadas pelos estudantes que também pedem a revogação do edital para essas residências pois as mesmas encontran-se inacabadas; As portas do Restaurante Universitário terão que ser abertas para TODOS os estudantes faltando 15 minutos para o fechamento do mesmo; Resolver a parte da estrutura elétrica do restaurante, pois ela está consumindo toda a energia do campus; Licitação da xerox para dentro do campus IV; Transporte para os estudantes, para locomover-se para eventos e congressos acadêmicos e Assémbleia com a Reitora Margareth Diniz.
A gestão Mudar de Vez repudia o descaso contra a assistência estudantil praticamente abandonada na UFPB, precisamos de uma política de permanência eficaz, queremos dialogar para que todas essas pautas sejam atendidas de modo que não prejudique nós estudantes de um modo geral, mas principalmente aqueles em condição de vulnerabilidade social. Ressaltamos que toda luta é legítima, não podemos criminalizar de maneira alguma estudantes que estão lutando pelo direito legítimo e básico de terem condições para permanecerem na universidade.
Queremos dialogar com todos os (as) estudantes para somatizar nessa luta e que essas pautas sejam atendidas o mais rápido possível, pois enquanto isso não acontece, estudantes permanecem acorrentados no campus I e tendo seus direitos negados em todos os Campi da universidade sob a ineficiência da gestão de Thompson a frente da PRAPE e descaso da manutenção dele a frente da Assistência Estudantil pela Professora Margareth Diniz.
Com relação a uma nota postada na página “DCE Campus IV” vimos a público esclarecer que a mesma não representa a visão da Coordenação da gestão “Mudar de Vez” por não ter sido dialogada nos fóruns internos, pedimos desculpas por essa situação, além disso deixamos claro que o único canal oficial do DCE-UFPB no Facebook é está página onde agora publicamos está nota, a briga política do campus IV entre seus pares não pode ser aplaudida ou reforçada pela coordenação da gestão Mudar de Vez, essa nota expressa a opinião local e irrestritamente dos componentes que tendo seu motivo ou não a escreveram.
Além disso, fazemos questão de esclarecer que não cabe ao DCE ou qualquer movimento julgar e muito menos criminalizar o modus operandi ou estratégia de ação de qualquer estudante ou grupo, pois só eles sabem verdadeiramente a situação que tem passado, o descaso com a assistência estudantil afeta a todos/as nós e essa é uma luta deve sempre nos unificar. Reconhecemos, respeitamos e reafirmamos toda forma de organização estudantil que busque a melhoria para o corpo discente e somos contra toda forma de negação ou desmerecimento à isso.
A organização estudantil é, além de legítima, necessária para coletivamente lutarmos por uma universidade que respeite a nossa dignidade humana, o que não vem ocorrendo nos últimos tempos, e o que vem ocorrendo nesta semana é o sintoma do descaso e negativa de direitos básicos.
Não podemos mais aguentar a permanência do Professor Thompson de Oliveira no cargo, solicitamos que o próprio entregue sua renúncia à professora Margareth Dinizi e que a mesma abra uma nova fase na assistência estudantil de nossa instituição, uma PRAPE e COAPE de diálogo, fora do gabinete e dentro da vivência e conhecendo as necessidades do/a estudante.