Trens são paralisados após série de possíveis sabotagens na França

Pelo menos 800 mil pessoas foram atingidas pelos cancelamentos ou atrasos; cerimônia de abertura das Olimpíadas acontece nesta sexta

Foto: Thibaud MORITZ/AFP)

Uma série de ataques a instalações da SNCF, a rede ferroviária, provocou a interrupção total ou parcial de três das quatro grandes linhas de conexão entre Paris e o restante do país nesta sexta-feira (26), dia da abertura os Jogos Olímpicos na capital francesa. Cabos elétricos da rede foram cortados e queimados. O presidente da SNCF, Jean-Pierre Farandou, culpou “um bando de irresponsáveis” pelo que chamou de “ataque maciço”. Travessias foram canceladas e outras adiadas. Estima-se que uma a cada duas viagens tenham sido afetadas. As autoridades preveem a retomada normal dos serviços apenas na segunda-feira.

Não se sabe, ainda, a origem dos ataques – simultâneos e coordenados, típicos de terrorismo – e tampouco se estão relacionados aos Jogos Olímpicos. A cautela impôs, ao menos por ora, uma expressão sutil: “sabotagem”. Não houve feridos. Mas não há dúvida: os danos são imediatos, e atingirão o vaivém dos primeiros dias de competição. Os quase 400 TGVs interligam as sedes olímpicas de Paris, Bordeaux, Lille, Lyon e Marselha. Estima-se que, apenas hoje, 800 000 pessoas tenham sido afetadas – entre trabalhadores do cotidiano de um dia normal e os turistas que se preparavam para chegar à Paris para o início da festa, em um dia de chuva.

Os responsáveis pelo Eurostar, que conectam Londres e Paris, anunciaram o cancelamento das viagens. Nas grandes estações parisienses, impera o caos. Na Gare du Nord e em Montparnasse, as pessoas pareciam perdidas, amontoadas pelo chão, ao lado de malas, diante de painéis que indicavam os atrasos e as suspensões. O movimento é imenso, dado o início das férias de verão. “Hoje é um dia de tristeza”, resumiu  Farandou, do SNCF. E hoje deveria ser um dia de alegria. Nas próximas horas, a tensão deve aumentar – enquanto isso, os técnicos tratarão de consertar, “cabo a cabo”, segundo um diretor do sistema de transportes, a malha atacada.