Têm cargos para todos os deputados, diz Julian Lemos sobre troca por apoio à Previdência

De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, neste sábado (16), no áudio vazado que circula em Brasília, o deputado federal Julian Lemos (PSL) relata que, em uma reunião com Carlos Manato, secretário-geral para a Câmara do governo, haverá cargos para todos os deputados que votarem favorável a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, menos para os que são do PT e de outros partidos de esquerda.

Na conversa com o secretário-geral do PSL na Paraíba e assessor do Ministério do Turismo, Fabio Nobrega Lopes, eles discutem o preenchimento de um cargo na Funasa com salário líquido de R$ 7 mil, que consideram baixo, mas que controlaria uma alta gestão de recursos liberados pela Casa Civil.

Nobrega Lopes foi nomeado em 30 de janeiro para um cargo comissionado na secretaria-executiva do Ministério do Turismo, com salário R$ 10.673,30. A secretaria-executiva é vinculada diretamente ao gabinete do ministro Marcelo Álvaro Antônio, investigado pela Polícia Federal acusado de promover candidaturas de laranjas nas eleições de 2018.

Há dois dias, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), anunciou a liberação de cerca de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares. O anúncio ocorreu em meio à pressão de partidos políticos que criticam a articulação do governo junto ao Congresso. Na terça, o presidente Bolsonaro negou, pelo Twitter, que as verbas tenham sido liberadas “para a aprovação da Nova Previdência”.

Em vídeos divulgados nas redes sociais de Bolsonaro, Lemos foi apresentado mais de uma vez como coordenador, no Nordeste, da campanha presidencial de 2018. Muito próximo ao ex-ministro Gustavo Bebianno, então presidente do PSL, Lemos foi vice-presidente do diretório nacional do partido durante campanha e pré-campanha.

O que diz Julian Lemos
Lemos diz que o áudio registra “uma conversa pessoal”.

“Não tem nada que desabone minha conduta, nenhuma conversa que seja não republicana, é uma conversa pessoal a respeito de uma conjuntura política”, afirmou o deputado.

Lemos também comentou as falas do assessor Fabio Lopes durante a gravação.

“Não é um áudio comprometedor de esquema. O Fabio dá uma opinião que é dele, até de certo modo ingênua. O Fabio não tem legitimidade nenhuma, não é político. É uma análise que ele faz do que se sabe no Congresso. Ele falou como alguém que escuta as conversas. Fabio traça um diálogo baseado no que ele escuta. Isso é leitura política que ele faz, não que eu faço. Se você chegar no parlamento vai ver o que o povo diz”, disse.

Fabio Lopes não retornou os contatos da reportagem.

Com informações de O Globo