A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (24) derrubar o direito constitucional ao aborto legal no país. Com isso, agora caberá a cada estado norte-americano decidir se permite ou não a interrupção legal da gravidez.
Por seis votos contra três, os juízes derrubaram a chamada Roe contra Wade, uma decisão histórica da própria Suprema Corte da década de 1970 que estabeleceu o direito ao aborto nos Estados Unidos.
A decisão, já adiantada por um rascunho vazado em maio, representa uma vitória para o partido Republicano e as alas conservadoras e religiosas do país, que queriam proibir a interrupção legal da gravidez.
![Manifestantes a favor do direito ao aborto fazem ato no dia 3 de maio de 2022 na cidade de Seattle, no estado americano de Washington — Foto: David Ryder/Getty Images North America/AFP](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/-QIsV1DmLJgyNceRID2TZP14kQs=/0x0:4200x2800/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/W/5/tOBZB5R8AhsAQdHiM3nQ/063-1240434692.jpg?w=696&ssl=1)
Manifestantes a favor do direito ao aborto fazem ato no dia 3 de maio de 2022 na cidade de Seattle, no estado americano de Washington — Foto: David Ryder/Getty Images North America/AFP
O novo julgamento do Supremo, no entanto, não significa que o aborto está automaticamente proibido nos Estados Unidos, embora deva tornar a interrupção da gravidez ilegal em quase a metade dos estados do país, que são conservadores e agora poderão decidir separadamente pela manutenção ou não desse direito.
Com a derrubada da ‘Roe contra Wade’, os Estados Unidos voltam à situação anterior a 1973, quando cada estado era livre para proibir ou autorizar o aborto.
![Manifestantes pró-aborto enfrentaram opositores em protestos em frente à Suprema Corte dos EUA neste fim de semana — Foto: Getty Images/BBC](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/Az0g6SLS1Jl1CkpM9-9-v_0RnaA=/0x0:800x450/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/k/w/dTRtbbTiSZogKiePXJzA/120816395-gettyimages-1344778586.jpg?w=696&ssl=1)
Manifestantes pró-aborto enfrentaram opositores em protestos em frente à Suprema Corte dos EUA neste fim de semana — Foto: Getty Images/BBC
Entre 26 estados conservadores, a maioria no centro e sul do país, como Wyoming, Tennessee e Carolina do Sul estão prontos para proibir a prática por completo. Mas ao menos 11 estados mais democratas, incluindo Califórnia, Novo México e Michigan, anunciaram rapidamente planos para garantir o direito ao aborto por lei.
Isso significa que mulheres que quiserem interromper a gravidez em estados onde a prática fica proibida terão que se deslocar às vezes por longos trajetos até chegarem a um local onde é permitido. Os estados democratas também já expressaram a preocupação de que o novo modelo poderá sobrecarregar seus hospitais e centros que seguirão realizando o aborto.
Novo entendimento
O entendimento da nova e histórica decisão da Corte, redigida pelo juiz conservador Samuel Alito, foi o de que a ‘Roe contra Wade’ foi decidida erroneamente uma vez que a Constituição dos Estados Unidos não faz menções específicas sobre o aborto.
Além de Alito, votaram pela derrubada da ‘Roe contra Wade’ os três magistrados indicados à Suprema Corte pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump, Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett. Trump era contrário à ‘Roe contra Wade’.
“Nós sustentamos que a Roe e a Casey (decisão de 1992 que reafirmou o direito ao aborto nos EUA) devem ser anuladas. A Constituição não faz referência ao aborto, e tal direito não é implicitamente protegido por qualquer disposição constitucional”, escreveu Alito.
Quando a decisão favorável ao aborto foi feita, em 1973, os juízes entenderam que o direito ao respeito à vida privada garantido pela Constituição se aplicava ao aborto.
Do g1.