Sindicato dos jornalistas se revolta contra o SBT e emite nota sobre novo apresentador

A decisão de trocar, mesmo que de forma experimental, as apresentadoras Joyce Ribeiro e Karyn Bravo pelo “novinho” Eduardo (Dudu) Camargo do comando do programa Primeiro Impacto, do SBT, revoltou muita gente.

Enquanto há jornalista que argumenta que não há problema algum em se por um âncora jovem para ler textos que a redação do programa escreveu, outros se revoltaram e emitiram nota.

Nesse último caso se encaixam os do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que protestaram.

Leia a íntegra do argumento do Sindicato:

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, vem a público protestar contra a alteração ocorrida no telejornal Primeiro Impacto do SBT – Sistema Brasileiro de Televisão que afastou as jornalistas Karyn Bravo e Joyce Ribeiro.

No feriado de quarta-feira, 12 de outubro, quando também se comemorou o Dia da Criança, a direção do SBT afastou da bancada do telejornal as duas jornalistas e as substituiu por Eduardo Camargo.

O “âncora”, de apenas 18 anos, atuava no programa Fofocando interpretando a personagem ‘Homem do Saco”, um comentarista que não mostrava o rosto, o qual permanecia encoberto por um saco de papel. Em seu currículo também consta a participação na novela Revelação e no programa Domingo Legal, no quadro “Lendas Urbanas”.

Vários jornalistas procuraram o Sindicato manifestando sua indignação. O protesto não se dá apenas pelo fato de a direção substituir duas experientes profissionais por uma única pessoa, o que tem se mostrado uma política usual das emissoras, fato que vem precarizando cada vez mais a profissão.

Tampouco o protesto se deu pelo fato de o novo apresentador não ser jornalista profissional. Prática que se tornou possível uma vez que a decisão desastrosa do ministro do STF, Gilmar Mendes, considerou a necessidade de formação específica em jornalismo desnecessária para o exercício profissional. Tal decisão abriu virtualmente as portas da profissão para qualquer pessoa.

O que torna esta alteração ainda mais desastrosa para a profissão é que ela comprova, mais uma vez, que o jornalismo é visto como uma atividade marginal na emissora do sr. Sílvio Santos.

Tratar o jornalismo como entretenimento e não informação criteriosa é um desserviço ao cidadão, um ataque à qualidade da informação e, mesmo, uma afronta à Constituição que estabelece como princípios que os meios de comunicação devem zelar pela sua função social e dar “preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”.

As profissionais, que apresentavam o noticiário não foram demitidas, mas estão afastadas da função.

Casos como este demonstram o quanto é necessária a união dos jornalistas em defesa da profissão e da qualidade do trabalho jornalístico.