Será que é o melhor momento? Professores discutem se é oportuna greve na UFPB

Há mais de 90 dias cerca de 45 universidades federais estão em greve por tempo indeterminado. Desde a deflagração, contesta-se se realmente é oportuno manter as atividades paralisadas enquanto o país vive um momento de recessão econômica e uma crise política que já atingiu grandes proporções. Com as aulas paradas, salas de aula vazias e os objetivos dos docentes não alcançados, prejudicam-se alunos e professores.

Mas para muitos a causa da categoria dos professores federais é justa e maior. Porém, a greve tem sido capaz de deixar “uma categoria parada por meses na indiferença geral”, como escreveu Giuseppe Tosi, docente da UFPB em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo. “O cenário de crise tem que ser enfrentado, tanto pelo público, como pelo privado”, disse o presidente da Associação dos Docentes da Univer- sidade Federal da Paraíba (ADUFPB), Jaldes Meneses. Ele e a professora Zulmira Nóbrega, coordenadora do curso de Jornalismo da UFPB, acreditam que o momento da greve é o atual.

Nos últimos dias, o governo federal anunciou um bloqueio de gastos no orçamento de 2016 e nesse pacote fiscal estão inseridas algumas questões que para os professores federais são dignas de protesto, como o fim do abono permanência, que remunera os servidores que já atingiram a idade para se aposentar, mas permanecem na função. Jaldes Meneses também destaca a decisão do governo federal de suspender os concursos  públicos. “Isso é uma ataque frontal ao serviço público. A greve é necessária”, disse.

Zulmira Nóbrega concorda. No início da greve, a professora do curso de Jornalismo considerava o momento e a greve inoportunos. Depois do anúncio das medidas do pacote de corte, mudou de opinião. “O momento da greve é agora, pois é preciso inviabilizar o pacote fiscal. É tempo de fortalecer a luta. Acredito que as propostas podem ser alteradas”, frisou. Ao contrário do professor de Engenharia Civil da UFPB, Givanildo Azeredo, que acredita que a greve já ultrapassou o limite e já deveria ter acabado há muito tempo.

O que se percebe é que não é a luta que está enfraquecida ou desgastada, mas sim a greve, que não consegue andar muito bem. Muitos se colocam contra o movimento, mas não apresentam outra forma de buscar o respeito. Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFPB, Giuseppe Tosi, seria possível negocia com o governo sem parar as atividades e mobilizando a categoria.

Givanildo Azeredo caminha na mesma lógica. “Precisa-se de algo mais intensivo. O problema não é o governo, a crise é mundial. É preciso intensificar um movimento”, esclareceu.

O presidente da ADUFPB não nega que o momento é delicado e difícil para deflagrar e manter uma greve, mas também afirma que tem valido a pena as 12 assembleias que já ocorreram. “Só haverá perdas e ganhos quando a greve terminar”, disse. Para Giuseppe Tosi as perdas já estão acontecendo. “O prestígio e a respeitabilidade do professor perderam os valores. É o bem imaterial mais precioso que estamos perdendo”, afirmou.

As informações são do jornal A União.