Sem citar valores, Cássio confirma ter recebido dinheiro da Odebrecht

O senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB) confirmou nesta noite, através de um vídeo, que recebeu doações de campanha da Odebrecht, construtora investigada pela operação Lava Jato suspeita de repassar recursos para mais de 200 políticos de 24 partidos, via caixa 2. O tucano, no entanto, não revelou o montante recebido pela empresa.

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Nesta quarta-feira (23), foram divulgadas planilhas apreendidas pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Lava Jato. Em um trecho delas, aparecem as iniciais CCL-PB – sugerindo o nome Cássio Cunha Lima -, como “parceiro histórico” da Odebrecht.

O documento deixa transparecer que o senador paraibano teria recebido a quantia de R$ 500 mil da construtora. Em outro trecho das planilhas, o nome do parlamentar tucano é citado, sugerindo um repasse de R$ 250 mil ao “poeta”.

“Eu tenho o dever e a obrigação de prestar alguns esclarecimentos. Primeiro dizer o que acho que todo mundo sabe: campanha eleitoral se faz com doações de pessoas físicas e de pessoas jurídicas. E recebi sim uma doação do grupo Odebrecht, que foi devidamente registrada na minha prestação de contas junto à Justiça Eleitoral, cujas as contas foram aprovadas pela própria Justiça”, disse Cássio no Vídeo.

Um levantamento feito pelo Paraíba Já junto ao Sistema de Prestação de Contas Eleitorais do TSE revelou que Cássio recebeu, na campanha de 2014, a doação de R$ 4.400,00 da Odebrecht.

Pelos dados colhidos, em 2014, quando disputou o mandato de governador da Paraíba, Cássio foi contemplado com quatro doações oficiais – contabilizadas pela Justiça Eleitoral – originárias da Odebrecht. Duas ocorreram no dia 1º de outubro – nos valores de R$ 700,00 e R$ 1.500,00 – e duas no dia 4 do mesmo mês – também nos valores de R$ 700,00 e R$ 1.500,00.

As quatro doações à campanha de Cássio, que juntas somam a quantia de R$ 4.400,00, foram feitas pela Odebrecht, através do então candidato a deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB), que no dia 30 de setembro de 2014, recebeu da construtora a doação, em espécie, de R$ 50 mil.

Veja na lista abaixo as quatro doações feitas à campanha de Cássio, em 2014, originárias da Odebrecht:

CCL_doações

Veja abaixo as planilhas apreendidas pela PF que citam o senador Cássio Cunha Lima:

CCL

Cassio_poeta

O Paraíba Já consultou também a lista de doadores da campanha de Cássio para o Senado Federal, em 2010. Na relação não consta nenhuma doação contabilizada pela Justiça Eleitoral feita pela Odebrecht ao parlamentar paraibano.

Clique aqui e confira a lista de doadores da campanha de Cássio em 2010.

Saiba mais

As planilhas divulgadas nesta quarta-feira que citam mais de 200 políticos brasileiros de 24 partidos estavam com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e conhecido no mundo empresarial como “BJ”. Foram apreendidas na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, realizada no último dia 22 de fevereiro.

Além de Cássio, também aparecem nas planilhas os nomes de mais três políticos paraibanos: o ex-senador Cícero Lucena (PSDB), o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB) e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP).

As planilhas são riquíssimas em detalhes – embora os nomes dos políticos e os valores relacionados não devam ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira para os citados. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.

Os documentos relacionam também nomes de políticos da oposição e do governo. São mencionados, por exemplo, Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre vários outros.