Sem cargo público, irmão de Bolsonaro faz intermediação de verbas do governo federal

O irmão do presidente Jair Bolsonaro, o comerciante Renato Bolsonaro, tem atuado como mediador informal de demandas de prefeitos do estado de São Paulo interessados em verbas federais para obras e investimentos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com a reportagem,  Renato não possui cargo público, mas tem participado da  liberação de dinheiro para ao menos quatro municípios do litoral e do Vale do Ribeira.

Além disso, o irmão do presidente tem comparecido a solenidades de anúncio de obras e chega a assinar como testemunha contratos de liberação de verbas. Ele também discursa e recebe agradecimentos públicos de prefeitos pela ajuda no contato com a gestão federal comandada pelo irmão.

Segundo a Folha, com a atuação de Renato, mais de R$ 110 milhões foram repassados para construção de pontes, recapeamento asfáltico e investimento em centros de cultura e esportes nas cidades de São Vicente, Itaoca, Pariquera-Açu e Eldorado, município onde moram familiares do presidente.

O irmão do presidente nega ser pago por esse trabalho e não respondeu se alguém custeia seus gastos, que incluem viagens pelo estado de São Paulo. Ainda de acordo com a Folha, a Presidência da República não respondeu se Jair Bolsonaro tem conhecimento ou colabora com a intermediação feita por seu irmão junto a prefeituras.

Filiado ao PSL, Renato Bolsonaro reside na cidade paulista de Miracatu e tem apoiado a criação do novo partido do irmão, o Aliança pelo Brasil, mas ele enfrenta restrições para ser candidato a prefeito justamente pelo grau de parentesco.  A Constituição Federal impede que parentes de até terceiro grau do presidente da República disputem eleições – a exceção fica com os familiares que estão tentando a reeleição.

Renato também tentou ser prefeito de Miracatu por duas vezes. Na eleição de 2016, ele concorreu mesmo após denúncia de que foi funcionário fantasma na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Embora tenha sido contratado como assessor parlamentar do deputado André do Prado (PL) por uma remuneração mensal de R$ 17 mil, ele trabalhava em suas lojas de móveis no Vale do Ribeira no horário em que deveria estar na Assembleia. Renato Bolsonaro foi exonerado após a veiculação de reportagem no SBT.