Seis exposições estão em cartaz na Estação Cabo Branco e das Artes

A Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano, abriu neste mês de novembro seis novas exposições de arte visuais (fotografia e pintura). Três destas exposições estão em cartaz, no primeiro pavimento da Torre Mirante, que são: “Troncos Velhos e Galhos Novos” (Alberto Banal), “Rituais do Ver” (Fátima Carvalho), “Agô” (Roberta Guimarães).

Na Estação das Artes Luciano Agra, prédio localizado ao lado da Estação Cabo Branco, estão abertas as exposições “30 anos da artista plástica, Sayonara Brasil”, “Resignificar” e “Singularidades”. A entrada é aberta ao público de todas as idades e o horário de funcionamento da casa é de terça à sexta-feira, das 9h até 21h. Sábados, domingos e feriados das 10h até 21h.

Em “Agô” o visitante vai encontrar expostas 30 fotografias que revelam a natureza e o ambiente dos terreiros de umbanda de 14 terreiros da cidade do Recife (PE), além de vídeo informativos fruto de uma longa pesquisa da fotografa Roberta Guimarães. A curadoria da exposição é de Raul Lody, com apoio local da curadora geral da Estação Cabo Branco, Lúcia França. Esse trabalho foi registrado no livro “O Sagrado, a pessoa e o orixá”, lançado em 2014 em Recife.

As fotografias mostram a grande influência africana na formação da identidade brasileira. É um mergulho nas particularidades dos rituais do xangô, assim como no vídeo que foi produzido pela artista. Roberta Guimarães explicou que este trabalho não se limita à questão religiosa, mas trata de questões como respeito, solidariedade, com um forte componente de gênero. “No Xangô, o feminino e o masculino aparecem de forma mais livre. Um orixá masculino pode se manifestar em uma filha de santo”, disse.

O conceito fica claro na abordagem dada aos dois vídeos, em que apresenta uma espécie de “crossdressing” (termo que se refere às pessoas que vestem roupa ou usam objetos associados ao sexo oposto), mostrando a transformação de dois filhos de santos em entidades de sexo oposto. O vídeo que será exibido trará imagens dos terreiros, dos rituais e entrevistas com filhos e pais de santos falando sobre suas relações com a religião e detalhes da vida do terreiro.

“Troncos Velhos e Galhos Novos” – Ainda na cultura africana, temos a mostra “Troncos Velhos e Galhos Novos”, do fotografo Alberto Banal. A mostra retrata as duas fases específicas do povo quilombola, a dos idosos, que representa a raiz da tradição (o “antigamente”), e a das crianças, que representa o grande potencial de futuro (o “futuramente”). Enquanto os anciãos carregam os valores da ancestralidade e garantem a continuidade da tradição, as crianças constituem uma geração chave e estratégica para o futuro que pode ser o começo de um novo tempo, como também a última etapa da dissolução de muitas comunidades.

“Existe uma geração que está vivendo e sofrendo o advento da modernidade em todos os seus aspectos sociológico, tecnológico, antropológico, enquanto a transmissão da cultura tradicional está se perdendo num esquecimento assombroso”, comentou Alberto Banal.

As crianças, que aparecem nas imagens da exposição, fazem parte do Projeto Escrilendo, uma atividade da Associação de Apoio as Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (AACADE), em parceria com Casas de Leitura, Casa dos Sonhos e os amigos italianos da Associação Uniti Per La Vita e do grupo Just Dance. O projeto incentiva o prazer da leitura e escrita, e propõe resgatar e reforçar a identidade cultural das comunidades quilombolas dos municípios de Matão, Matias e Pedra d’Água.

“Rituais do ver” – E indo um pouco mais além, fora do Brasil, temos a exposição da fotografa, Fátima Carvalho, “Rituais do ver”. Com sotaque característico de sua terra natal, o Porto (Portugal), a artista plástica Fátima Carvalho explicou que as fotografias foram tiradas em vários espaços de arte dentro e fora de Portugal, museus e em galerias de arte privada e públicas, nos pequenos e grandes acontecimentos que geram os circuitos de arte contemporânea.

A diferença destas imagens é que elas são sobrepostas em papel algodão, um material especial de um custo mais alto do que o papel alcalino normal. “Optei pela qualidade, por isso precisa ser manuseado com luvas. Assim também garanto que a imagem dure mais e o papel não fique com a cor amarelada do tempo”, explicou Fátima Carvalho.

Em “Rituais do Ver”, as fotografias não abandonam a sua categoria de testemunho, mas ao contrário, incorporam uma à outra e com imagens que interpelam a nossa condição de meros espectadores. Esse discurso visual que apreciamos na fotografia de Fátima Carvalho se deve a prática artística dos últimos 50 anos.

Na Estação das Artes – Permanecem em cartaz a exposição “30 anos da artista plástica, Sayonara Brasil”, “Resignificar”, de Aída Martins; e “Singularidades”, de Célia Gondim.

A exposição de Sayonara Brasil, que expos juntamente com amigos artistas, faz parte do “Festival 6 Continentes”, que acontece todos os anos em Lisboa (Portugal) e vários países da Europa. Entre os artistas convidados estão: María Mercedes Davison Escoz (Uruguai), Ileana Dimitriu (Alemanha), Lúcia Rousset (RJ) e xilogravuras de Marcelo Soares (PB). São ao todo 29 pinturas e 56 desenhos, com várias temáticas, como “Aboiô” e “Xadrez”.

Na exposição, o visitante vai encontrar as primeiras obras da artista, como a série experimental intitulada “Peixes”, de 2008/2009. E também as mais recentes “Borboletas”, em óleo sobre tela. Sobre os 30 anos de carreira, Sayonara Brasil avaliou como positivos e com muitas lutas e conquistas. “O que sinto, hoje aos 30 anos de carreira e 50 de idade, é uma necessidade de aprender e compreender as obras de Deus e da vida. A arte vem em consequência desse amor pela vida que você vai atraindo para si próprio”, comentou.

Ainda na Galeria de Artes, o público poderá conferir a exposição “Resignificar”, da artista plástica Aída Martins. A exposição, que permanecerá aberta até o dia 11 de novembro, é uma junção de obras que trabalham com várias linguagens, usando velhas e novas técnicas, sempre tentando expor as matrizes e seus desdobramentos as quais ela pertence.

Com pinturas e “assemblages” a artista Aída Martins propõe apresentar matrizes bordadas com materiais que vão sendo descartados ao longo dos dias, sobre TNT preto, no qual vão sendo retirados desdobramentos coloridos com giz de cera e caneta esferográfica, pastel, ou acrílica sobre diversos papéis ou tela.

“Dizem que a arte é expressão, comunicação e linguagem latente das nossas emoções. Ela se propõe a algo que é pessoal e único, expressando um quadro interior como registro singular, documentando nossas criações envolvendo várias instâncias, nos auxiliando no resgate do nosso saber interior, transformando a realidade e a nós próprios”, disse a artista Aída Martins.

“Singularidades” – E para fechar o ciclo de mostras, no hall de entrada da Estação das Artes o público poderá ver a exposição “Singularidades”. De autoria da artista plástica Célia Gondim, as obras expostas são pinturas com temas sobre o cotidiano, as inspirações da artista e gestos permeados de simplicidade, com delicadeza impressa no traço, e no vigor das cores puras de sua pintura Naif. Além da leveza explícita em suas obras. São ao todo 17 pinturas em pequenos formatos e 11 bastidores com bordados.

“Trago em minhas pinturas figuras com olhares singelos que, parecem estar à espera de um novo tempo. Elas estão sob os desígnios da arte e da esperança de novos gestos”, comentou a artista, Celia Gondim.