As gravações divulgadas nesta segunda-feira (11) pelo Paraíba Já que apontam um suposto esquema de caixa 2 para a campanha eleitoral de 2018 realizado por secretários da gestão da Prefeitura de João Pessoa mostram também uma aparente experiência do secretário de Saúde da capital, Adalberto Fulgêncio, na operacionalização da ferramenta.

“Vou dizer aqui, vou abrir o jogo: o cara da Mercúrio, por que ela tem mais relação? Porque ela mudou o foco. Eu disse ‘bicho, vamos mudar…’. Aí eu criei uma relação de todo mês, um negócio aqui, outro aqui… então, eu criei uma relação de intimidade com ele.”, fala Adalberto durante a gravação.

Em certo momento do áudio, Adalberto Fulgêncio chega a falar de uma “lista” onde estariam possíveis empresas dispostas a fazerem parte do esquema. “Essas empresas aqui são empresas que eu posso chegar para o cara, por exemplo, eu posso chegar pro cara da Kairós e dizer: Thiago, quero 600 conto, vou te pagar essa porra agora…”, diz.

Para exemplificar a operação, tornando mais “didática” para que seu interlocutor, Diego Tavares, pudesse entender, Adalberto Fulgêncio chega a dar exemplos – “Eu vou te pagar sei lá, R$ 500 mil, vamos supor que eu pague a ele R$ 500 mil. Aí ele bota no papel quanto que é pra ir pegar. Num é isso?”, indaga.

Em outro momento, o secretário chega a falar, inclusive, de empresas que ficam “feito urubu”. “A indústria, isso são os caras mais daqui, que ficam aqui feito urubu, arrudiando… Então, esses caras mais daqui, eu tenho mais relação”, diz.

Entenda o caso 

O diálogo da gravação ocorreu no final de março de 2018, em que Diego, à época, ainda ocupava a superintendência do Instituto de Previdência de João Pessoa (IPM).  A Polícia Federal já estaria de posse áudio, seria a partir de escutas provenientes da Operação Irerês, que investiga o desvio de R$ 10 milhões da gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PV).

Durante o diálogo, Fulgêncio cita duas empresas que fornecem serviços para a Saúde de João Pessoa, em que os empresários teriam uma relação mais direta, de “intimidade” e que poderiam “desviar” recursos públicos de contratos celebrados com a Prefeitura de João Pessoa.