A chegada do período de estio no Alto Sertão da Paraíba já assusta, em vários pontos do semiárido, às famílias de pequenos agricultores e pecuaristas que dependem dos pequenos barreiros e açudes. Em Monte Horebe, extremo oeste paraibano, na divisa com o Ceará, a bela paisagem da fração serrana do alto sertão paraibano já está mudando. O cinza começa a substituir o verde intenso e fértil que dominou o cenário durante mais de 6 meses, até meados de junho.
Nos últimos dias, segundo os técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura, a precipitação no território do município foi muito baixa e, em algumas regiões, não caiu um pingo de água. As consequências, além da mudança na cor da paisagem, já são observadas no baixo nível dos pequenos barreiros e açudes, que são alternativas de armazenamento precárias por oferecerem baixa autonomia.
O horebense Francisco Lima, pequeno agricultor e pecuarista, já lamenta a diminuição do nível da água no barreiro que mantém perto de casa e vê comprometido os seus projetos para os próximos meses. Segundo ele, “a partir de agora dificilmente teremos chuvas. A gente vê com muita tristeza tudo secando. O pasto vai se acabando, a água pra os animais vai ficando muito mais difícil, o gado vai ficando mago e feio. Pra beber e cozinhar é pior ainda, porque a água vai ficando barrenta e muita suja. Dá até doença, é muito difícil”, lamenta o agricultor.
Seu Monteiro, morador da Serra Verde, já caminha, diariamente, aproximadamente 3 quilômetros carregando as suas latas d`agua para conseguir a água para a sua subsistência e de sua família. Para ele as projeções de futuro não são boas, pois o tempo de estio deve se prolongar e o que está ruim tende a piorar com a água a cada dia mais escassa e com pior qualidade. Ele lamenta, “a partir deste tempo a gente precisa muito dos pipa e da ajuda de Deus pra poder se aguentar e garantir um tiquinho de água pra dentro de casa. Pros bichos é mais difícil ainda. É muito triste, mas toda vez é assim quando a chuva deixa de cair.
Outra consequência que já está sendo registrada na região de Monte Horebe são as queimadas. De forma natural ou causada por qualquer fagulha ou brasa, o mato seco incendeia e se alastra, às vezes por mais de um hectare de terra, principalmente na margem das estradas. O resultado é ainda mais aridez e desperdício de recursos naturais.