Saída de recursos da poupança cai em março, mas é recorde no trimestre

A saída de dinheiro da caderneta de poupança ficou menor em março deste ano, mas bateu recorde nos três primeiros meses de 2016, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (6).

No mês passado, as retiradas superaram os depósitos em R$ 5,37 bilhões. Com esse resultado, a saída de recursos recuou frente a março do ano passado, quando somou R$ 11,43 bilhões, e também na comparação com fevereiro deste ano – R$ 6,63 bilhões.

No primeiro trimestre deste ano, porém, a fuga de recursos da poupança bateu recorde. Neste período, a saída de valores ficou em R$ 24,05 bilhões, contra R$ 23,23 bilhões no mesmo período de 2015 (recorde anterior).

Em todo ano passado, R$ 53,36 bilhões deixaram a modalidade de investimentos. Foi a primeira vez em dez anos que mais recursos saíram que entraram da caderneta, e foi também a maior fuga de valores desde o início da série histórica do BC.

Depósitos, saques e saldo da poupança
No mês passado, os depósitos em caderneta de poupança somaram R$ 164,39 bilhões, ao mesmo tempo em que os saques de recursos totalizaram R$ 169,77 bilhões. Já os rendimentos creditados nas contas dos poupadores somaram R$ 3,9 bilhões em março.

No primeiro trimestre deste ano, porém, a fuga de recursos da poupança bateu recorde. Neste período, a saída de valores ficou em R$ 24,05 bilhões, contra R$ 23,23 bilhões no mesmo período de 2015 (recorde anterior).

No primeiro trimestre deste ano, porém, a fuga de recursos da poupança bateu recorde. Neste período, a saída de valores ficou em R$ 24,05 bilhões, contra R$ 23,23 bilhões no mesmo período de 2015 (recorde anterior).

 

Com a saída de valores da modalidade de investimentos, o volume total aplicado na caderneta recuou. No fim do mês passado, o estoque da poupança totalizava R$ 644 bilhões, contra R$ 646 bilhões em fevereiro e R$ 656 bilhões no fechamento de 2015

Economia ruim e baixo rendimento
A evasão de recursos da poupança acontece em momento de baixo nível de atividade, com a economia brasileira em recessão. Além disso, outros fatores também têm impactado a renda dos brasileiros, como a alta da inflação, dos juros, do desemprego e de tributos. Para completar o quadro, o nível de endividamento das famílias segue elevado.

Outro fator que tem influenciado a retirada de recursos da poupança é sua baixa rentabilidade frente a outras modalidades. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com os juros básicos atualmente em 14,25% ao ano (o maior nível em nove anos), as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações. A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano.

Além disso, a rentabilidade da poupança, no ano passado, perdeu para a inflação. A aplicação, que rendeu 8,15% no ano, não alcançou a inflação do período, de 10,67%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Descontada a inflação, a poupança teve uma perda de poder aquisitivo de 2,28%, de acordo com a consultoria Economatica. É o pior resultado desde 2002.

Quando a poupança pode ser uma boa opção
Apesar do baixo rendimento, especialistas avaliam que a caderneta de poupança ainda pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos. Pode ser uma boa alternativa, por exemplo, para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou que procuram formar um “fundo de reserva” para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.

Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do imposto de renda e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.

Menos recursos para casa própria
O menor interesse na poupança também afeta os financiamentos imobiliários, uma vez que a modalidade é fonte de recursos para a casa própria. Pelas regras, os bancos precisam destinar parte dos saldos da poupança (SBPE) para o crédito imobiliário.

No mês passado, a Caixa Econômica Federal informou que aumentou os juros para financiar a casa própria com recursos da poupança. É a primeira vez no ano que a Caixa sobe os juros para crédito imobiliário. Segundo a Caixa, o novo aumento é “decorrente de alinhamento ao atual cenário econômico”. O último reajuste havia acontecido em outubro do ano passado.

As informações são do G1.